Jornal analisa a dívida bruta do país, que deve atingir 77,7% do PIB de 2024 e aumentar, até 2028, para 83,1%
Em recentre entrevista à CNN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a gravidade do aumento da dívida pública do Brasil sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Os números são alarmantes. De acordo com o Tesouro Nacional, a dívida bruta de 2024 deve atingir 77,7% do PIB e aumentar, até 2028, para 83,1%.
“Embora não seja mais que a simples constatação dos fatos, a declaração traz algum alento, pois mostra que nem todos no governo Lula da Silva estão em estado de negação e acham que tudo não passa de um problema de ‘comunicação’”, avaliou o jornal O Estado de S. Paulo, no seu editorial de opinião desta terça-feira, 21.
No entanto, o Estadão afirma que o governo não está nem um pouco disposto a reconhecer sua parcela de culpa nessa conjuntura. “E, diga-se de passagem, nem mesmo Haddad”, disse o texto.
O jornal aborda a complicada situação fiscal brasileira e critica a ausência de medidas práticas do governo para solucionar o problema. “É preciso que essa preocupação [de Haddad] se materialize em um compromisso que vá além do discurso e se transforme em ações concretas”, afirma o editorial.
A publicação também destaca que medidas anunciadas até agora, como o pacote de corte de gastos, não foram suficientes para acalmar o mercado. Além disso, o jornal diz que o presidente e sua equipe não têm mostrado clareza nem comprometimento em adotar medidas mais rigorosas para sanar o problema.
“É sintomático que o presidente ainda não tenha percebido que a retomada da confiança dos investidores depende disso”, ressalta o texto, destacando o impacto do cenário fiscal no aumento do dólar, que ultrapassou os R$ 6.
Governo Lula culpa Bolsonaro por situação fiscal do Brasil
Segundo o Estadão, Lula busca culpar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro por essa “bagunça fiscal”, termo usado pelo próprio Haddad. Contudo, o texto ressalta que o atual governo contribuiu para o agravamento do cenário ao ampliar despesas públicas já no início do mandato, como com a emenda constitucional da transição e o aumento real do salário mínimo.
Além disso, o editorial aponta contradições internas no governo, ao acusar ministros e parlamentares aliados de enfraquecerem as tentativas de ajuste fiscal. Segundo o texto, “quem mais contribuiu para desidratar o pacote de gastos no fim do ano passado foram os próprios ministros do governo e a base do Executivo no Congresso”.
Essa falta de coordenação seria, portanto, um dos motivos para a desconfiança do mercado em relação ao futuro fiscal do país.
O texto “A Nova ‘Herança Maldita’” também traça o cenário de desconfiança generalizada que se instalou no país. Para o Estadão, com essa tentativa de desviar o foco das próprias falhas, o governo “nem precisa de oposição, pois é quem mais boicota a si mesmo”.
Fonte: Revista Oeste