A partir de 1987, quando surgiu, o grupo tirou a Autoridade Palestina do poder em Gaza e buscou se tornar força política na região
O Hamas surgiu em 1987, durante uma revolta de jovens palestinos contra a existência de Israel. Algo que ficou formalizado em seu estatuto, de 1988, quando o grupo começou a se organizar para se tornar uma força política na Faixa de Gaza.
O nome em árabe é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica, que teve origem naquele ano de 1987, depois o início da primeira intifada palestina.
Além de ter como objetivo a luta armada contra Israel, a organização começou a minar o poder da Autoridade Palestina (AP), que governava a região. Fez isso ao realizar ações sociais que lhes traziam popularidade entre os palestinos.
Isso ocorreu principalmente a partir de 2005. Na ocasião, tudo o que se exigia de Israel era a retirada do país da Faixa de Gaza. E isso acabou sendo feito, por decisão do então primeiro-ministro, Ariel Sharon. No entanto, a saída do Exército Israelense e dos colonos não foi suficiente para acalmar os ânimos. A violência só aumentou de lá para cá.
O Hamas, aproveitando-se da ineficiência e da corrupção na cúpula da AP, venceu as eleições legislativas em 2006 — com um discurso radical, populista, adepto da violência e das ações terroristas. Refratários a qualquer tipo de diálogo. Tiraram do poder o movimento rival Fatah, do presidente da AP, Mahmoud Abbas.
Bloqueada, por questões de segurança, também pelo Egito, a ineficiência administrativa do Hamas contribuiu para a pobreza na Faixa de Gaza. Os recursos que eles recebem de países, como o Irã, hostis a Israel, são direcionados à compra de armamentos e infraestrutura para a guerra.
De acordo com a BBC, o Hamas opera uma variedade de mísseis de longo alcance como o M-75, que chega a 75 km, o Fajr (até 100 km) e o R-160 ( que vai até 120 km). Possui ainda mísseis M-302s, que chegam a até 200 km.
Grupo boicota diálogo e se alimenta da discórdia
Nessa estratégia, eximindo-se da culpa pela crise na região, o caminho mais fácil é o terrorismo e a busca de bodes expiatórios, no caso Israel. Pelas ruas de Gaza, o assunto principal é Israel.
Nas barbearias, nos bares, nas reuniões de conhecidos em frente a pequenos prédios, praticamente só se pensa em como será possível destruir o Estado Judaico. As conversas são interrompidas apenas por rápidas opiniões sobre futebol ou uma questão rotineira.
De resto, prevalecem no ar as estratégias de guerra: como serão os ataques, onde se esconderão os terroristas, de que maneira as famílias podem contribuir. As crianças já crescem em um ambiente de rancor e ódio.
O grupo se alimenta da discórdia. Boicota diálogos, realiza atentados suicidas, como os de fevereiro e março de 1996, em que morreram quase 60 israelenses. Era, conforme lembrou a BBC, uma retaliação pelo assassinato, em dezembro de 1995, do fabricante de bombas do Hamas, Yahya Ayyash.
A partir de 2006, os ataques deste tipo se intensificaram. Foram organizadas campanhas praticamente anuais, mas as de maior destaque foram em 2006, 2008, 2012, 2014, 2018 e 2021. Agora, em 2023, o grupo comandou uma invasão sem precedentes, movido a um espírito do crime e disposto a realizar atrocidades, como vem fazendo.
A cada gesto brutal, um pretexto banal. Em 2021, por exemplo, voltou a atacar Israel com mísseis. O argumento era de que um grupo palestino foi impedido de entrar no complexo da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém.
A acusação distorce a preocupação que prevalece entre os soldados de Israel em permitir a reza em locais sagrados islâmicos. É uma cartilha do Exército. A ordem para intervir é apenas quando há alguma ameaça ou tumulto provocado.
Por seu apego à violência e ao desentendimento, o Hamas é considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, entre outros países.
Fonte: Revista Oeste