Localizado no bairro de Pedreira, o Ceap oferece cursos gratuitos e se sustenta pela iniciativa privada e por voluntariado
Uma favela situada no bairro de Pedreira, na zona sul de São Paulo, abriga um estrutura de pouco mais de 23 mil metros quadrados. Trata-se do Centro Educacional Assistencial Profissionalizante (Ceap), uma organização não governamental considerada uma das cem melhores ONGs do mundo em 2024.
O prêmio Melhores ONGs destaca as instituições que mais se dedicam a causas solidárias no Brasil desde 2017. O Ceap é uma delas.
O segundo pior bairro de São Paulo em 1970
Pedreira foi considerado, na década de 1970, o segundo pior bairro para viver em São Paulo. Na época, imperavam a alta taxa de mortalidade infantil e a presença do tráfico na região.
Moradores do local e empresários criaram um projeto de uma escola que oferecesse cursos técnicos gratuitos, como alternativa para combater a realidade amarga do distrito. Nasceu, em 15 de agosto de 1985, o Ceap.
A instituição atua no modelo de escola profissionalizante gratuita. Oferece anualmente cursos de formação e qualificação profissional para mais de mil jovens entre 10 e 18 anos que, no contraturno, estejam matriculados no ensino fundamental ou médio.
Além do ensino técnico-profissional, o Ceap oferece ao aluno uma “formação humana”. A escola propõe, por exemplo, reuniões mensais entre um mentor e o aluno. Assim, o docente acompanha o desenvolvimento comportamental do estudante dentro do Ceap.
Desde a sua fundação, a ONG já atendeu mais de 9 mil jovens pobres. Hoje, a maioria desses beneficiários encontra-se em grandes empresas.
“Era um bairro muito violento”, observa Daniel Venturini, diretor-geral do Ceap. “O diferencial é a nossa preocupação com a formação humana do aluno. Oferecemos cursos de preparação para os pais, uma educação personalizada.”
De acordo com Venturini, o indicador de empregabilidade do Ceap é de 70%. Alguns ex-alunos estudaram na instituição quando adolescentes e foram contratados para diversas áreas.
É o caso de Guilherme Bonfim, que saiu do mercado financeiro e decidiu trabalhar no Ceap para ampliar as parcerias da instituição, que conta com 80 empresas apoiadoras. “Sair do bairro Faria Lima, de um banco, e ir para um ambiente educacional é algo que as pessoas olham com estranheza”, conta. “Mas é um chamado do coração. Sinto gratidão pelo que o Ceap fez por mim e quero retribuir.”
Feira de Inovação e Ciências do Ceap
Neste semestre, os alunos se preparam para a Feira de Inovação e Ciências do Ceap (FeCeap), que vai acontecer em 23 e 24 de novembro.
Na FeCeap, jovens da região exibem suas soluções transformadoras durante os dois dias de evento aberto ao público. São mais de 10 mil m² de área de evento com projetos inovadores, competições de robótica, sessões de cinema e espaços para lazer.
Fonte: Revista Oeste