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Governo Lula perde hegemonia eleitoral no Nordeste, diz Estadão

O Planalto tenta conter essa queda acelerada por meio de mudanças na comunicação e medidas populistas

A pesquisa também revela que a aprovação do governo caiu entre as mulheres e os eleitores de menor renda | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Em editorial publicado nesta sexta-feira, 4, o jornal O Estado de S. Paulo aborda a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na única região que ainda lhe garantia vantagem eleitoral. O Nordeste, historicamente favorável ao petista, registra agora índices de aprovação bem menores.

Estadão ressalta que esse cenário acende um alerta para o Planalto e para a cúpula do Partido dos Trabalhadores.

Um levantamento da Genial/Quaest mostra que a aprovação do governo na região recuou de 59% para 52% de janeiro para março deste ano. No mesmo período, a rejeição subiu de 37% para 46%, reduzindo a diferença entre os dois índices para apenas 6 pontos porcentuais.

Segundo o editorial, se essa tendência persistir, Lula deve ser mais rejeitado do que aprovado no Nordeste.

O Planalto tenta conter essa queda acelerada por meio de mudanças na comunicação e medidas populistas. Anúncios como a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil e o incentivo ao crédito consignado não surtiram efeito. Em vez de recuperar apoio, o governo enfrenta desgaste crescente, até mesmo onde era mais forte.

A perda de prestígio ocorre em um reduto que abriga governadores petistas e figuras influentes do partido. Estados como Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte ainda são governados pela sigla. Além disso, ministros como Rui Costa, Camilo Santana e Wellington Dias vêm dessa base eleitoral, que já não garante a mesma fidelidade ao governo.

A pesquisa também revela que a aprovação do governo caiu entre as mulheres e os eleitores de menor renda. Esses segmentos, antes alinhados ao PT, agora demonstram menor entusiasmo com as políticas implementadas. A perda de apoio nesses grupos reforça a dificuldade do governo em reter sua base histórica.

Lula esgota estratégia de influência na região

O PT enfrenta um esgotamento da estratégia que sustentou sua influência por décadas. O modelo de transferência de renda, um dos pilares da sua popularidade, já não garante a mesma lealdade eleitoral. Muitos beneficiários do Bolsa Família buscam independência econômica e não se identificam mais exclusivamente com o partido.

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Lula sempre apostou na dependência do eleitorado nordestino em relação ao assistencialismo. No entanto, essa abordagem parece ter atingido seu limite, à medida que novas demandas surgem. O desafio do governo agora é reconstruir sua conexão com o eleitorado, que parece menos propenso a manter fidelidade automática ao petismo.

Fonte: Revista Oeste

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