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Governo Trump vê corrupção, crime e câmbio como entraves ao Brasil

Investidores dos EUA evitam o Brasil por insegurança econômica, criminalidade e desconfiança institucional

Mauricio Claver-Carone, membro do governo de Donald Trump | Foto: Reprodução/Youtube

Mauricio Claver-Carone, enviado especial para a América Latina como membro o governo Donald Trump, apontou nesta segunda-feira, 12, três grandes entraves que afastam os investimentos dos Estados Unidos no Brasil: instabilidade cambial, criminalidade e corrupção.

Durante um jantar promovido em Nova York pelo grupo Esfera, que reuniu autoridades brasileiras, Claver-Carone expôs sua avaliação de forma direta. Prestes a deixar o cargo para atuar na iniciativa privada, ele ainda falou como representante da administração Trump. Segundo ele, os problemas que afetam o Brasil são recorrentes nas conversas com investidores internacionais, especialmente os sediados em Nova York.

Ele contou que, ao criar seu próprio fundo, procurou os principais gestores do mercado financeiro. Conversou com cada um e perguntou quais estratégias adotavam em relação ao Brasil. A resposta surpreendeu.

Muitos afirmaram que tentaram investir, mas recuaram. Claver-Carone resumiu os motivos em três palavras que, segundo ele, todos conhecem: câmbio, crime e corrupção. Destacou o câmbio como o fator mais crítico e o mais difícil de enfrentar.

“Mas só para deixar claro, o que o Brasil precisa fazer para receber mais investimentos dos EUA? O Brasil enfrenta três problemas”, destacou Claver-Carone. “E eu vou dizê-los nesta ordem. E, se você perguntar a qualquer investidor aqui em Nova York — e quando criei meu fundo, literalmente conversei com todos os principais fundos de investimento —, perguntei: ‘O que vocês estão fazendo com isso?’ E eles disseram: ‘Nada, exceto Brasil. Fomos ao Brasil e depois saímos.’ Por quê? Eu os chamo dos três C’s. Mas é o primeiro que é realmente o mais difícil: câmbio.”

Membro do governo Trump enfatizou questão das ameaças do crime organizado no Brasil

No segundo ponto, voltou sua atenção ao crime organizado. Citou o PCC e o Comando Vermelho como ameaças reais à estabilidade econômica e à segurança jurídica do país. Afirmou que o governo norte-americano mantém diálogo estreito com o Brasil para buscar formas de conter essas facções e melhorar o ambiente de negócios.

“Estamos trabalhando muito de perto com o governo atual para enfrentar esse problema”, enfatizou.

Sobre a corrupção, admitiu que houve avanços institucionais desde a Operação Lava Jato. No entanto, afirmou que a imagem construída por anos de escândalos ainda pesa negativamente na percepção internacional. A confiança dos investidores segue abalada, apesar das reformas e das medidas adotadas nos últimos anos.

Ao final de sua fala, criticou a baixa presença do Brasil no imaginário econômico global. Ressaltou que, embora o país seja a segunda maior economia do Hemisfério Ocidental, poucas pessoas nos Estados Unidos reconhecem isso.

“Vocês são a segunda maior economia do Hemisfério Ocidental, mas pergunte a qualquer um em Nova York quem está atrás dos EUA. Vão dizer Canadá ou México”, destacou. “Ninguém responde Brasil.”

Fonte: Revista Oeste

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