A Câmara Legislativa do Distrito Federal ainda não recebeu nenhuma informação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que há dois meses prometeu compartilhar com os deputados documentos sobre o 8 de janeiro.
Os parlamentares esperavam informações especialmente sobre Jorge Naime, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, preso por ordem de Moraes desde fevereiro, na quinta fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Chefe do Departamento Operacional da PM, Naime estava de licença em 8 de janeiro e já foi ouvido na CPI.
Há dez dias, ao negar pedido de liberdade feito pela defesa de Naime, o ministro afirmou que as condutas “sob análise são gravíssimas” e que ainda é preciso entender “a real motivação de sua ausência em momento tão sensível”. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela manutenção da prisão preventiva.
“Seria muito importante esse compartilhamento dos documentos do Supremo conosco. Principalmente no sentido do que mantém preso o coronel Naime”, afirmou à Folha de S.Paulo o deputado distrital Hermeto (MDB), relator da CPI do 8 de Janeiro. “Por que essa demora em relaxar a prisão do coronel Naime? É algo que a gente não sabe. Tudo leva a crer que só ele tem essas informações, devido ao tempo que está recluso.”
“Até agora os documentos não foram enviados”, confirmou o presidente da CPI do DF, deputado Chico Vigilante (PT).
Criada em fevereiro, essa CPI tenta avançar com as investigações antes da CPMI do Congresso Nacional, instalada na semana passada. No DF, a CPI já ouviu o general Gustavo Henrique Dutra, chefe do Comando Militar do Planalto em 8 de janeiro, e convidou o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno, um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro.
A comissão também aprovou a convocação do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente, que foi preso no início de maio sob suspeita de fraude em cartão de vacinação.
Relator dos inquéritos sobre o 8 de janeiro, Moraes não comentou o não envio dos documentos à CPI.
Fonte: Revista Oeste