Manifestantes exibiram batons, que se tornou símbolo da defesa do indulto aos presos do 8 de janeiro. No palco, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros políticos discursaram

Uma multidão se reuniu na Avenida Paulista neste domingo, 6, com um mesmo pedido: anistia aos presos e condenados pelas manifestações do 8 de janeiro de 2023. No chão, pessoas exibiram batons, objeto que se tornou símbolo pela causa, em alusão à cabeleireira Débora dos Santos, responsável por escrever “perdeu, mané” na estátua em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). No palco, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros políticos enfatizaram o coro por indulto àqueles que protestaram nas ruas há mais de dois anos.
Programado para ocorrer a partir das 14h, o ato deste domingo começou a movimentar a Paulista ainda pela manhã. O ambiente foi pacífico e com muitas pessoas usando camisetas nas cores verde e amarela. Como de costume em eventos convocados por lideranças da direita nacional, o de hoje teve, mais uma vez, gente erguendo a bandeira do Brasil.

A “Revolta do Batom”
Os utensílios que fazem alusão ao patriotismo dividiram o protagonismo do ato deste domingo com batons. Mulheres e homens se uniram para exibir aquilo que, no voto para condenar Débora a 14 anos de prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, definiu como “substância inflamável”.







Políticos em defesa dos presos do 8 de janeiro
Em cima do trio elétrico, políticos de diferentes partidos mostraram união pela pauta da anistia. Cobraram da Câmara dos Deputados e do Senado Federal o avanço da proposta.
Líder do Partido Liberal (PL) na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) foi um dos que levantaram a voz pela causa. Ele demonstrou que será incansável nesse trabalho. “Ninguém vai nos parar até a gente aprovar a anistia.”
O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou o STF. Ele lembrou que a Corte condena e mantém atrás das grades pessoas que não portavam armas. Em defesa da anistia, o parlamentar ponderou ter apoio popular — e não de 11 ministros do Supremo. “Eles têm a toga, mas nós temos o povo.”
A ex-primeira-dama e atual presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, interagiu com o público feminino que marcou presença na Avenida Paulista. Ela pediu que todas erguessem os seus batons. Conforme ironizou, era para mostrar que o objeto de beleza está longe de ser uma arma letal. Além disso, citou o caso de Adalgiza Maria Dourado. Trata-se da idosa de 65 anos que foi condenada a 14 anos de prisão pelo STF e que, segundo a família dela, “não quer mais viver”. Michelle aproveitou para se dirigir ao ministro Luiz Fux, que integra a 1ª Turma do Supremo: “Fux, não deixe a Adalgiza morrer”.
Tarcísio, Malafaia e Bolsonaro pregam anistia
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também discursou. Além de defender a anistia aos presos do 8 de janeiro, ele marcou posição em favor da reversão da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacou que a multidão que foi à Avenida Paulista não recebeu nenhum incentivo financeiro para isso e pediu para o Brasil entrar em clima de harmonia entre os Poderes — e entre o povo e as autoridades. “Precisamos pacificar o Brasil”, disse o governador, que é membro do Republicanos. “Precisamos olhar para frente.”
Organizador do ato deste domingo, o pastor Silas Malafaia foi enfático na hora de definir o processo que está nas mãos do STF em razão do 8 de janeiro. “Estamos vivendo a farsa do pseudo golpe”, disse o religioso, que é o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Malafaia lembrou que o tenente-coronel Mauro Cid mudou de versão oito vezes em delação firmada com a Polícia Federal. Para o pastor, não houve nenhuma tentativa de romper o sistema democrático em vigor no país. De acordo com ele, a versão oposta só ganhou vez com ajuda de determinado setor da mídia. “Quero que o Moraes me mostre essa tal ‘minuta do golpe’”, disse. “Não teve nada disso. O termo ‘minuta do golpe’ foi inventado por uma jornalista da Globo, que é a imprensa oficial do ministro Alexandre de Moraes.”
Bolsonaro foi o último a discursar. Réu em decorrência de decisão da 1ª Turma do STF, no processo que Malafaia define agora como “pseudo golpe”, ele avisou: permanecerá no Brasil, de onde seguirá a defender a anistia e lutar para reverter a decisão que, neste momento, o torna inelegível para a disputa presidencial de 2026. “Se acham que vou fugir, estão enganado”, afirmou o ex-presidente. “Irei sempre defender a minha pátria.”
Fonte: Revista Oeste