Os cálculos do poder público na capital fluminense não se concretizaram, e a arrecadação subiu menos que a inflação acumulada
O show da cantora americana Madonna no Rio de Janeiro, ocorrido em maio, foi anunciado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) como uma grande oportunidade de arrecadação para a capital fluminense.
Cerca de R$ 10 milhões dos contribuintes cariocas foram gastos para viabilizar o evento, mas a Prefeitura do Rio informou que espera compensar o gasto com o aumento de quase R$ 10,2 milhões na arrecadação de Impostos sobre Serviços (ISS) sobre atividades relacionadas ao turismo, entretenimento, transporte, hospedagem e alimentação.
“Com base nessas estimativas e hipóteses, o investimento público para o show da Madonna, também pode ser retornado para a prefeitura, na mesma magnitude, com aumento da arrecadação de impostos”, informou a prefeitura em nota.
Entretanto, segundo os dados de arrecadação divulgados pela própria Prefeitura, em atividades relacionadas ao turismo, eventos/entretenimento, transporte, setor aeroportuário/rodoviário e artistas, o aumento da arrecadação entre maio de 2023 e maio de 2024 foi de menos R$ 100 mil.
Em 2023 a arrecadação do ISS foi de R$ 50,8 milhões, enquanto em 2024 R$ 50,9 milhões. Um alta menor até mesmo do que a inflação acumulada no período, que chegou em quase 4%. A prefeitura esperava arrecadar em maio de 2024 R$ 60,9 milhões.
Além dos R$ 10 milhões desembolsados pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que chegou a construir uma passarela privativa para a Madonna do hotel de luxo Copacabana Palace até a praia, outros R$ 10 milhões foram gastos pelo governo do Estado do Rio de Janeiro.
No total, portanto, o show da cantora americana custou aos cofres públicos cariocas e fluminenses R$ 20 milhões.
Show da Madonna foi mero ‘populismo político’, diz deputado
Segundo o deputado estadual de São Paulo Leonardo Siqueira (NOVO), esse show foi mero “populismo político” e não trouxe benefícios concretos para o Rio de Janeiro.
“Sim, tinha pessoas nos shows, mas os restaurantes ficaram vazios na hora, as pessoas deixaram de ir ao bar, ao restaurante, ao teatro para ver o show em casa, etc. Por isso, a arrendação não aumentou. Esses são os números! Esses são os fatos!”, escreveu o deputado, que salientou o “efeito substituição” ocorrido na ocasião.
Procurada pela Revista Oeste, a Prefeitura do Rio de Janeiro não se manifestou até o fechamento dessa reportagem.
Fonte: Revista Oeste