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Valério diz que administrava caixa clandestino do PT no valor de R$ 100 milhões

Em delação premiada na Polícia Federal (PF), o operador do esquema do mensalão, Marcos Valério, contou que administrava um caixa clandestino do Partido dos Trabalhadores (PT) com um saldo de 100 milhões de reais. A denúncia do delator foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal e os depoimentos foram filmados.

Valério contou que, em 2005, foi procurado pelo PT para utilizar parte do caixa clandestino para entregar 6 milhões de reais ao empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André. Isso porque, segundo o delator, Ronan chantageava o presidente Lula com a ameaça de contar detalhes sobre as ligações dos petistas com a facção criminosa PCC e o assassinato do prefeito Celso Daniel.

Segundo o operador do mensalão, dinheiro não era problema. “Eu simplesmente, eu tinha muito mais que os seis milhões na mão deles, eu tinha umas dez vezes mais que isso na mão, então, pagar os 6 milhões não era o problema”, afirmou Valério.

Em seguida, o delator contou que evitou fazer o pagamento porque soube que o caso envolvia o assassinato do prefeito Celso Daniel, que foi torturado e morto em 2002. “Se eu não tivesse rastreado tudo isso, e não tivesse chegado a essa conclusão, eu teria feito, gente. Por que que eu não ia fazer? Eu tinha mais de 100 milhões deles na mão”, afirmou Valério,

Trechos inéditos da delação foram obtidos pela revista Veja e divulgados na última sexta-feira (1/7). Marcos Valério é condenado por corrupção no caso mensalão e cumpre pena em regime domiciliar.

Leia também: Marcos Valério de Souza fecha acordo com a Polícia Federal – O Hoje.com

Relembre o caso Celso Daniel

Foto: Reprodução

No dia 18 de janeiro de 2002, o prefeito Celso Daniel foi sequestrado em uma churrascaria localizada na região dos Jardins, em São Paulo. Ele estava em uma Mitsubishi Pajero blindada, na companhia do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como o “Sombra”.  O automóvel foi seguido por três outros veículos: um Santana, um Tempra e uma Blazer.

Bandidos armados fecharam o carro do prefeito e o sequestraram. Na manhã do dia 20 de janeiro de 2002, o corpo de Celso Daniel, alvejado com onze tiros, foi encontrado na Estrada das Cachoeiras, na rodovia Régis Bittencourt.

A ligação entre a morte do prefeito e as investigações conduzidas pelo então juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro está relacionada ao empresário Ronan Maria Pinto.

Também morador de Santo André, Ronan foi preso em abril de 2016 suspeito do recebimento de R$ 6 milhões de dinheiro de corrupção da Petrobras, o que está sendo investigado pela Polícia Federal. Três meses depois, foi solto após pagar fiança de R$ 1 milhão e colocar tornozeleira eletrônica.

Em novembro de 2017, o empresário voltou a ser preso, por determinação da Justiça de Santo André (SP), por corrupção no setor de transportes de Santo André, no ABC paulista.

Além disso, Ronan foi condenado a 14 anos de prisão pelo crime cometido durante a gestão do prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002.

Crime Político

A Polícia Civil do Estado de São Paulo concluiu o inquérito sobre a morte de Celso Daniel no dia 1 de abril de 2002. Segundo o relatório final da polícia, seis pessoas de uma quadrilha da favela Pantanal, da Zona Sul de São Paulo, cometeram o crime. No entanto, o inquérito policial concluiu que os criminosos sequestraram Celso Daniel por engano, e que o confundiram com uma outra pessoa.

Para a família de Celso, o crime teve motivação política, e pressionou as autoridades para que o caso fosse reaberto. Em 5 de agosto de 2002, o Ministério Público de São Paulo solicitou a reabertura das investigações sobre o sequestro e assassinato do prefeito.

Para o irmão de Celso Daniel, o oftalmologista João Francisco Daniel, o prefeito morreu em razão de um dossiê sobre corrupção na prefeitura de Santo André.

Fonte: Jornal O Hoje

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