Com 21.221 focos de calor até julho, a região registra a pior temporada de chamas desde 2005
A Amazônia enfrenta o maior número de incêndios dos últimos 20 anos — um desafio para brigadistas, que se preparam para uma seca extrema em 2024. Voluntários da Brigada de Alter do Chão, em Santarém (PA), enfrentaram um aumento significativo de casos de incêndios florestais em 2023 e, agora, se preparam para um novo ano difícil.
Durante a seca histórica do ano passado, os incêndios se espalharam por áreas não desmatadas, e os rios atingiram níveis recordes de baixa, dificultando o acesso a vilarejos indígenas e ribeirinhos.
Neste ano, o cenário pode se repetir ou até piorar. De 1º de janeiro a 26 de julho, a Amazônia registrou 21.221 focos de calor, o maior número desde 2005, segundo o programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Comparado ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 12.114 focos, houve um aumento de 75%. A título de comparação, só nos dias 23 e 24 deste mês, a Amazônia teve 1.318 novos focos, conforme relatado pela ONG Greenpeace.
A seca na Amazônia
Com chuvas abaixo do esperado, a seca começou mais cedo em 2024. O fenômeno La Niña, previsto para o segundo semestre, pode trazer chuvas, mas sua intensidade ainda é incerta.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) afirmou, ao jornal Folha de S.Paulo, que os incêndios florestais no Brasil são intensificados pelas mudanças climáticas e pelo forte El Niño iniciado em 2023. Além disso, o órgão destacou que Roraima foi o Estado mais atingido nos primeiros meses de 2024.
Em resposta, o MMA criou uma sala de situação para coordenar a resposta federal aos incêndios e à estiagem. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) contarão com mais de 3 mil brigadistas para enfrentar a temporada de fogo em 2024. O governo destinou R$ 405 milhões aos Corpos de Bombeiros da Amazônia Legal.
O bioma amazônico teve uma redução de 50% no desmatamento em 2023, comparado com 2022, mas a área queimada aumentou 36%, segundo o sistema Deter do Inpe. Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam, destacou que o governo concentrou esforços em 71 municípios prioritários. Ela ainda falou em uma redução de casos de queimadas em áreas de pastagem e agricultura. No entanto, florestas nativas no norte do Pará, Roraima e Amapá estiveram sob ação do fogo.
Fonte: Revista Oeste