Áudio mostrou que deputado pediu parte dos salários de seus assessores para saldar dívida de campanha
Enquanto a ministra Carmen Lúcia assume a Justiça Eleitoral falando em combate a verdades e opiniões que incomodam a Justiça Suprema e a crimes que não existem, o deputado André Janones, criminoso, rachador e mentiroso confesso, é inocentado por seus pares.
O parlamentar é o sintoma e a tradução mais clara da injustiça suprema que sufoca o Brasil. Janones foi pego com a “boca na botija”, confessando claramente que fez “rachadinha”, prática delituosa e infame que consiste em um congressista negociar e tirar parte do salário de seus próprios funcionários para embolsar pessoalmente. Peculato. Corrupção clara. É difícil provar a “rachadinha”. Mas, no caso de Janones, a coisa foi clara. O deputado foi flagrado dizendo aos berros a seus funcionários que lhe entregassem parte de seus salários para pagar despesas de campanha.
A investigação pararia aí e declararia Janones escancaradamente culpado. Mas a Conselho de Ética da Câmara, liderado por Guilherme Boulos (Psol-SP), enterrou o caso, sem nenhuma satisfação ao povo. Indignado, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) interpelou o deputado, que reagiu aos palavrões homofóbicos e com ameaças de agressão física.
Nada aconteceu a Janones e nada lhe acontecerá porque o deputado faz parte do sistema que acolhe seus criminosos confessos e condena desafetos do regime. Janones também já se declarou autor de fake news, crime inventado pela Justiça Eleitoral brasileira para perseguir adversários do regime. Fake news, para bom entendedor, é mentira. Mentir não é crime, prejudicar alguém com mentira é, o que constitui calúnia, injúria ou difamação. Janones disse que mentia, deturpava a realidade deliberadamente para prejudicar seus desafetos políticos e oposicionistas a Lula.
Calúnia, difamação e injúria declarados em alto e bom som para todos escutarem, menos para os ouvidos deliberadamente surdos do STF e seu puxadinho, o TSE, que não colocaram o deputado em nenhum inquérito de fake news. Eu, por exemplo, estou no infame Inquérito das Fake News, porque eu disse que havia censura no Brasil e parcialidade da Justiça Eleitoral. Fui censurado no dia seguinte em que disse haver censura no país.
Já com Janones, difamador, rachador, criminoso confesso, nada ocorre. Janones ajudou a colocar de volta no poder o presidiário condenado por corrupção usando mentiras, calúnias, injúrias e difamações confessas. Janones declarou que pegava grana de sete funcionários. Falou a verdade. Do outro lado, dizer verdades como a que Lula era amigo de ditadores, que apoiava o aborto ou que era um corrupto condenado tornou-se fake news censuradas pela Justiça Eleitoral que protege com ouvidos moucos e olhos cegos seu soldado André Janones pela omissão. Assim como seus pares no Congresso o protegem pelo crime confesso da “rachadinha”.
O escudo de proteção de Janones é a tradução viva da injustiça suprema no Brasil. Jornalistas, influenciadores, humoristas, pastores, ministros de Estado, pessoas comuns são hoje perseguidas, censuradas, presas por “crime de opinião”, inexistente na legislação brasileira. Por vezes, são perseguidos por dizerem a verdade mesmo ou são presos sem qualquer crime específico, como no caso do humorista Bismarck, jogado num calabouço sem luz por meses sem saber o motivo. Ele simplesmente protestava contra a eleição de Lula. Jornalistas e pessoas com redes sociais, contas e passaportes bloqueados; senhoras de idade condenadas a quase vinte anos de cadeia sem individualização de conduta ou amplo direito de defesa, simplesmente por estarem presentes na invasão do 8 de janeiro. Cleriston Pereira morto na cadeia, sem direito a um julgamento justo.
E a ministra Carmen Lúcia, que agora toma posse no TSE condenando uma suposta rede de mentiras que corroeria a democracia. Mas as mentiras de apoiadores do PT e da esquerda são amplamente protegidas. Os crimes perpetrados e confessados por apoiadores do PT são amplamente protegidos. É assustador pensar que desde a mais alta Corte do país até a Conselho de Ética do Congresso Nacional persegue-se pessoas por crimes que não existem e libera-se criminosos confessos que apoiam o regime criminoso que tomou conta de todo o país.
Janones é o exemplo mais simples e mais escancaradamente visível de que a Justiça no Brasil tem lado: o lado do crime. Vivemos numa República invertida em que monstros foram retirados da cadeia para assumir o poder, em que monstros que deveriam ir para a cadeia são inocentados e detêm o poder para criminalizar outras pessoas e fazer leis que os beneficiem; em que pessoas justas são jogadas na cadeia por denunciarem o regime aterrador desta República ingerida em que vivemos.
Fonte: Revista Oeste