A banca responsável pelo concurso de escrivão da Polícia Civil de Goiás (PCGO), aplicado em 15 de janeiro deste ano, anulou uma questão do certame que chamava policiais militares de “milicianos”. No dicionário, o termo trata do conjunto de forças militares, tropa ou organização militar. Contudo, o verbete assumiu significa pejorativo e tem sido associado a agentes que cometem crimes, o que gerou polêmica na prova.
À época, o comandante-geral da Polícia Militar de Goiás (PMGO), coronel Henrique Avelar, repudiou o termo. Ele já tinha pedido a anulação da questão.
“Nos ofendem gratuitamente, e devem, ao mínimo, uma severa retratação. Isso, entretanto, não eximirá a busca do caminho judicial, para que não mais subjuguem não só a PM-GO, mas todos aqueles policiais militares, homens e mulheres, que pelo país afora, prestam serviços com seu próprio suor e sangue em benefício da preservação da ordem pública”, escreveu no Instagram.
A questão de número 58 — formulada pelo instituto AOCP — versa sobre um interrogatório efetuado após uma prisão em flagrante por crime ambiental. Na formulação, os policiais, chamados de “milicianos”, forçam o autuado a responder perguntas, que se recusa e alega abuso de autoridade (veja abaixo).
“O próprio contexto da questão se faz pernicioso, já que numa colheita de declarações de autuado em flagrante de prática delituosa, nossos bravos policiais militares não se farão vigilantes de tal ato – essa é uma responsabilidade da autoridade de polícia judiciária nos crimes de natureza comum. Será o policial militar, sim, inquirido quando da realização do ato de sua oitiva, como a própria questão aberrativa colocou”, continua o comandante.
Já o instituto, que anulou a questão, culpou o elaborador e disse que o termo foi inapropriado, “embora a palavra ‘milícia’ seja utilizada nos dicionários de língua portuguesa para denominar o conjunto de forças militares, tropa ou organização militar – o significado adotado pela banca foi usado, inclusive, em acórdãos expedidos recentemente pelo Poder Judiciário de Goiás”.
“Apesar das definições da língua, o Instituto AOCP pede desculpas à Polícia Militar do Estado de Goiás e demais organizações policiais, militares e de segurança pública.” E ainda: “A questão será anulada por trazer contextualização e termo inadequados para o ambiente das forças de segurança, considerando o sentido que, na atualidade, a mídia e as redes sociais (meios de comunicação em geral) têm conferido ao vocábulo utilizado na elaboração da questão.”
Fonte: Mais Goiás