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Brasil deu sua ‘bênção oficial’ à fraude de Maduro, diz jornalista

Em sua coluna no Estadão, Andrés Oppenheimer cita a ‘falsa neutralidade’ do Brasil, do México e da Colômbia em relação à Venezuela

Maduro e Lula seguem aliados | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em artigo publicado nesta quarta-feira, 15, no jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista Andrés Oppenheimer — eleito pela revista Foreign Policy “um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes” do mundo — critica duramente a posição dos governos de Brasil, México e Colômbia em relação à crise política na Venezuela, acusando-os de apoiar tacitamente o regime de Nicolás Maduro.

No texto “A falsa neutralidade do México, Brasil e Colômbia em relação à Venezuela”, o autor afirma que, ao enviar representantes para a posse de Maduro, esses países legitimaram uma “fraude eleitoral” e enfraqueceram os próprios discursos “pró-democracia”.

“Os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia costumam dizer que apoiam a democracia, mas a verdade é que eles deram suporte a uma ditadura ao ignorar o boicote diplomático da maioria das democracias ocidentais e enviar representantes à posse do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, para um novo mandato de seis anos”, escreveu o colunista.

Oppenheimer destaca que os presidentes dos três países deram sua “bênção oficial” à fraude eleitoral de Maduro. Ele lembra que tal postura é contraposta à de outros países, como Argentina, Chile, Peru e Estados Unidos. Estes boicotaram a posse e reconheceram o opositor Edmundo González Urrutia como presidente legítimo.

O artigo enfatiza que as eleições venezuelanas foram marcadas por irregularidades. Ele lembra que “as atas de votação divulgadas pela oposição e certificadas como autênticas por especialistas mostram que González venceu a eleição, com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.”

Governos de Brasil, México e Colômbia ignoram mortos e presos pela ditadura

Maioria dos presos políticos participava de protestos conta as eleições fraudulentas da Venezuela | Foto: Reprodução/Twitter/X

Andrés Oppenheimer ressalta no texto toda a repressão que se seguiu nos meses seguintes à eleição de 28 de julho. Ele destacou que as forças de segurança do regime chavista foram responsáveis por pelo menos 25 mortes, mais de 2 mil detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados.

Oppenheimer também aponta inconsistências nas justificativas dadas pelos presidentes de Brasil, México e Colômbia. Ele critica, por exemplo, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que usou o princípio da não intervenção como justificativa.

“Claudia Sheinbaum escolheu se concentrar no primeiro princípio [não intervenção] e ignorar o segundo [promoção dos direitos humanos]”, condenou.

No caso do Brasil, ele menciona que, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha afirmado que Maduro “deve explicações” sobre os resultados das eleições de 28 de julho, ele também enviou sua embaixadora em Caracas para a cerimônia de posse. O petista argumentou que “os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos”.

Oppenheimer não poupa críticas ao que chama de “falsa neutralidade” desses países, classificando suas ações como um “erro moral” e “estratégico”. Ele enfatiza que essa postura contradiz seus compromissos com a democracia.

Fonte: Revista Oeste

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