É cedo ainda, há muito a jogar. E a Sérvia não é o melhor pedaço do antigo e notável futebol da despedaçada Iugoslávia. É a Croácia.
No entanto, nessa vitória o Brasil resgatou uma antiga verdade que estava sendo engolida pela sobreposição da tática sobre a técnica, tornando aquela um elemento absoluto.
A vitória brasileira, que era provável, tornou-se fato certo quando, no segundo tempo, o treinador Tite soltou as amarras que prendiam ao seu esquema Casemiro, Alex Sandro, Raphinha, Neymar, Richarlison e, em especial, Vinicius Junior.
Então, o velho princípio de que um time pode marcar e fechar os espaços para o talento até um dado momento. Quando esse momento chega, a capacidade técnica é que vai prevalecer.
Foi o que aconteceu. A Servia marcou, bateu e fechou espaços enquanto o Brasil parecia ser controlado do banco por um mouser. Quando o jogo exigiu a técnica para ser dada a solução, e Tite se tornou mais transigente com as suas idéias, apareceu um Brasil resgatando os seus principios de origem baseados na força técnica do seu jogador. A Servia saiu do prumo.
E nem precisou dos atributos de Neymar que parecia um exilado. Aflito, submetia-se à marcação sérvia. Angustiado, parecia que até que a canarinha lhe incomodava. Nada que surpreendesse. A impressão que Neymar parece carrendo uma carga de toneladas para carregar nessa Copa.
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Ao contrário, Vinicius Junior provava que se há um caminho para ganhar essa Copa, é ele. Não há pedras, parece um tapete pelo qual o craque desliza, seja em velocidade na jogada em contra-ataque, seja na jogada pessoal que exige o drible. Em qualquer dessas, acaba na frente do goleiro para finalizar ou no lado para cruzar.
Daí que aos 17 minutos do segundo tempo finalizou para o goleiro sérvio rebater para Richarlison marcar o primeiro gol. E, aos 28, driblando para deixar os sérvios de joelho, lançou de trivela Richarlison, que dominou, suspendeu o corpo no ar e finalizou de pé esquerdo. Literalmente, um gol de Copa do Mundo.
As virtudes de Vinicius e Richarlison nesse segundo gol, não se limitaram à técnica. Sem a autoconfiança de Vinicius em cruzar de trivela e Richarlison completar de voleio, não haveria o gol.
O resto do jogo foi apenas regulamento. Entregues ao talento dos jovens brasileiros, os sérvios jogaram para não sofrer mais. E o estoque de talento foi sendo substituído com Rodrygo, Martineli e Antony.
Esse Brasil já é para ganhar noCatar ou em 2026 nos Estados Unidos?
Às vezes o futuro é amanhã.
Fonte: Gazeta do Povo