As autoridades iranianas prenderam 51 jornalistas, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), desde que os protestos ganharam força no país, após a morte da jovem de origem curda Mahsa Amini enquanto estava sendo presa por não vestir o hijab (lenço).
Durante as manifestações, houve pelo menos 287 vítimas civis, incluindo 46 crianças, de acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (HRANA).
Em uma declaração conjunta da Guarda Revolucionária, do exército ideológico do país e do Ministério de Inteligência – os dois principais serviços secretos do Irã – as duas jovens iranianas foram acusadas de espionar para os americanos. A declaração, divulgada em 28 de outubro, diz que os protestos em andamento no Irã foram resultado de uma conspiração de “serviços secretos de países estrangeiros”.
A Comissão de Jornalistas Iranianos, que condenou o tratamento dado aos jornalistas, propôs às autoridades iranianas uma solução radical: nas condições atuais, seria melhor “proibir o jornalismo”.
“A declaração das duas organizações de inteligência do país (…) não tem [nenhum] outro significado. As atividades cotidianas de nossas duas colegas, que estavam cumprindo suas responsabilidades profissionais, são equiparadas a uma contravenção, o que significa apenas o fim do jornalismo”, disse o comunicado da Comissão de Jornalistas Iranianos, publicado em 29 de outubro.
No mesmo dia, em carta aberta, cerca de 300 jornalistas e fotógrafos também saíram em defesa de todos os colegas detidos, pedindo sua libertação e respeito pelos direitos dos profissionais: “O comunicado de imprensa dos serviços de inteligência significa que nós, os jornalistas, estamos todos envolvidos, sendo até culpados, e que, ainda mais descaradamente, a profissão de jornalista no país deve ser abolida”.
Fonte: Gazeta do Povo