Organização diz que Poder Eleitoral age de maneira enviesada e que chavismo impregnou instituições do Estado
Maior e um dos únicos observadores independentes da eleição presidencial na Venezuela, o Centro Carter confirmou nesta quinta-feira, 8, a vitória de Edmundo González Urrutia sobre o ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a organização afirmou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não foi independente durante a eleição.
A posição do Centro Carter contrasta com os resultados oficiais divulgados pelo órgão eleitoral venezuelano, que indica a vitória de Maduro, com 51,95% dos votos. A organização, baseada em dados coletados das atas eleitorais e amostras de votação, concluiu que González é o vencedor, embora não tenha divulgado a proporção exata.
O analista eleitoral do Centro Carter, Ian Batista, criticou a falta de independência do Poder Eleitoral na Venezuela. “Quem nomeia os reitores principais do Conselho Nacional Eleitoral é a Assembleia Nacional, que está 100% fechada com o chavismo”, disse à Folha.
“Não há instituições que poderiam balancear os Poderes”, acrescentou. “A Constituição prega algum nível de independência, mas como o chavismo está impregnado em todos os lugares, eles controlam todos os altos cargos.”
Centro Carter retirou funcionários da Venezuela por segurança
Depois da eleição de 28 de julho, o Centro Carter retirou seus funcionários da Venezuela por questões de segurança. O relatório final da organização ainda não foi publicado, mas as declarações preliminares já geraram reações do governo de Maduro, que acusou a organização de parcialidade.
O Centro Carter também identificou várias irregularidades, incluindo o uso de recursos estatais em favor de Maduro e restrições ao registro de eleitores. A atuação do CNE e o uso de propaganda governamental na campanha também foram questionados.
Na Venezuela, os eleitores utilizam um sistema eletrônico semelhante ao do Brasil, mas com a diferença de que há um voto impresso que é depositado pelo eleitor em uma urna física lacrada ao lado.
Cada urna eletrônica imprime, ao final da votação, uma ata eleitoral que apresenta o resultado, incluindo a contagem de votos, votos brancos, nulos e abstenções.
Os boletins de urnas são transmitidos eletronicamente ao CNE por meio de uma rede criptografada, não pela internet.
Cópias dos documentos impressos são entregues aos representantes de cada partido presentes no local de votação. Diferente do Brasil, a ata não é fixada em local público, mas os partidos podem divulgar livremente os boletins de urna.
Fonte: Revista Oeste