A China vai construir uma base secreta em Cuba. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 8, pelo jornal norte-americano The Wall Street Journal.
A base secreta chinesa em Cuba será uma instalação de espionagem eletrônica, posicionada a cerca de 160 quilômetros de distância do estado norte-americano da Flórida.
Segundo o The Wall Street Journal, que cita fontes da inteligência americana, a instalação de espionagem permitiria a Pequim coletar comunicações eletrônicas do sudeste dos Estados Unidos, região que abriga muitas bases militares, bem como monitorar o tráfego de navios.
A sede do Comando Militar Central dos Estados Unidos, por exemplo, fica na cidade de Tampa, na Flórida. Enquanto isso, a maior base militar em território norte-americano, Fort Liberty, está sediada na Carolina do Norte.
Cuba aceita base secreta chinesa em troca de bilhões de dólares
Segundo o jornal norte-americano, China e Cuba chegaram a um acordo que prevê a instalação da base de espionagem em troca de “vários bilhões de dólares”. A ditadura comunista cubana teria aceitado a proposta chinesa por causa das sérias dificuldades econômicas que está enfrentando.
Todavia, a Casa Branca questionou a informação. “Nós vimos o relatório. Ele não é correto”, disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Entretanto, o funcionário do governo norte-americano não especificou o que achava que estava incorreto.
Kirby salientou que os Estados Unidos têm “preocupações reais” sobre o relacionamento da China com Cuba e o estão monitorando de perto.
“Embora eu não possa falar sobre esta notícia específica, estamos bem cientes — e já falamos sobre isso muitas vezes — dos esforços da República Popular da China para investir em infraestrutura em todo o mundo que pode ter fins militares, inclusive em nosso hemisfério”, disse Kirby.
As embaixadas chinesa e cubana em Washington não quiseram comentar o assunto.
Tensões montantes entre China e Estados Unidos
A possível instalação de uma base chinesa em Cuba ocorre em um momento em que Washington e Pequim estão tomando medidas para aliviar as tensões, que aumentaram recentemente. Nos últimos meses, inúmeras incursões de aviões militares chineses no Mar da China Meridional alimentaram a crise entre os dois países.
Em fevereiro um balão de espionagem chinês de grande altitude cruzou o espaço aéreo dos Estados Unidos antes que a Força Aérea Americana o derrubasse.
A notícia também poderia colocar em cheque a visita oficial à China que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está planejando para as próximas semanas. Por causa do acidente do balão de espionagem, essa visita já tinha sido cancelada.
Para o senador do Partido Democrata Bob Menendez, membro do comitê de relações exteriores do Senado, se a notícia for confirmada seria “um ataque direto aos Estados Unidos”. “Portanto, espero que o governo pense em como reagirá, se for verdade”, disse o político norte-americano.
Cuba é pivô histórico de espionagem (e de crises)
Cuba, antigo inimigo dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, sempre foi um pivô de operações de espionagem.
A Crise dos Mísseis Cubanos quase levou o mundo a uma guerra nuclear em 1962, depois que a União Soviética começou a colocar armas nucleares na ilha. Após um bloqueio naval norte-americano, Moscou recuou e removeu os mísseis.
Na década de 1960, os soviéticos instalaram uma base de espionagem na Ilha de Lourdes, ao sul de Havana, com antenas parabólicas apontadas para os Estados Unidos. O presidente russo, Vladimir Putin, fechou a instalação em Cuba no início dos anos 2000.
Fonte: revista Oeste