A ex-presidente apresentou a ação como uma conquista pessoal, mas quatro das seis operações foram aprovadas antes de a petista assumir o cargo
O crédito do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco dos Brics, anunciado por Dilma Rousseff ao Rio Grande do Sul, foi aprovado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, nesta quinta-feira, 16. O Estado passa por uma tragédia climática que já deixou mais de 150 pessoas mortas.
Recentemente, a petista tentou mostrar proatividade em Xangai, sede do NBD. Em publicação no Twitter/X, compartilhada pelo perfil oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff anunciou a “liberação” de seis operações de crédito do banco. Ao todo, US$ 1,1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) será destinado para a reconstrução do Estado.
O post inclui um vídeo que mostra Dilma Rousseff comentando o assunto e uma tabela com detalhes sobre as instituições financeiras que receberão o crédito, as áreas beneficiadas e os valores alocados para cada uma.
Embora a ex-presidente tenha apresentado a “liberação” dos empréstimos como uma conquista pessoal, investigações do Estadão descobriram que quatro das seis operações já haviam sido aprovadas antes de sua nomeação à liderança do NDB, em março de 2023.
As operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que totalizam US$ 620 milhões (R$ 3,2 bilhões), foram planejadas e aprovadas entre 2020 e 2022, sob a gestão de Marcos Troyjo, então presidente da instituição.
Uma quinta operação, no valor de US$ 295 milhões (R$ 1,52 bilhão), destinada ao BRDE, não consta na lista de projetos em elaboração ou já aprovados pelo NDB. A sexta operação, de US$ 200 milhões (R$ 1,03 bilhão), tem como banco captador o próprio NDB, o que sugere que a instituição estaria emprestando dinheiro a si mesma.
Dilma Rousseff é presidente do Banco dos Brics
O processo de prospecção, elaboração e aprovação de projetos pelo NDB — criado em 2014 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul com o propósito de financiar projetos de desenvolvimento sustentável e infraestrutura — é complexo e demorado, similar ao de outros bancos multilaterais. Dilma Rousseff é presidente da instituição desde março de 2023.
No Brasil, isso envolve análise técnica e financeira e a exigência de garantias do Tesouro Nacional, conhecidas como garantia soberana. Depois da aprovação do crédito pelo NDB, ainda é necessário o aval do Senado, para o qual são encaminhados os projetos de todos os bancos multilaterais.
Embora seja possível que, durante sua gestão no NDB, Dilma Rousseff consiga aprovar novos projetos que atendam às necessidades do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul, e obtenham o aval do Senado para a concessão dos empréstimos, isso ainda não ocorreu.
Fonte: Revista Oeste