Deputados federais comentaram a medida desproporcional da Procuradoria-Geral da República (PGR), de denunciar o senador Sergio Moro (União-PR) por crime de calúnia, pedir a prisão dele e a perda do cargo. Para os políticos, o pedido é “surreal” e não tem fundamento jurídico, poque se trata de uma piada, feita durante uma festa junina há pouco mais de um ano, no Paraná.
Além disso, lembram que condutas muito mais ofensivas e, de fato, criminosas continuam impunes.
Marcel van Hattem (Novo-RS) também comentou a desproporcionalidade da medida e comparou a situação atual a uma “ditadura”. “Na boa, a PGR Lindôra [Araújo] pedindo prisão de Sergio Moro por suposta calúnia contra Gilmar Mendes, enquanto Lula está solto e no Planalto. MST invadindo e PGR/STF calados. Acham realmente que o povo ficará calado? Não nasci para viver numa ditadura, não me curvarei jamais à injustiça!”
Carlos Jordy (PL-RJ) também lembrou que o pedido se refere a uma piada. “A PGR pede a prisão do senador Moro por ele dizer que Gilmar Mendes vende HC. Um vídeo, uma piada, sequer difamação ocorreu. Pelo visto, fazer piada ou criticar membros do STF tornou-se crime inafiançável. A ditadura do Judiciário tem a participação de quem deveria ser o fiscal da lei”, escreveu.
O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) enfatizou que o vídeo no qual Moro aparece fazendo a piada foi editado e postou uma versão estendida da gravação. Segundo ele, a denúncia da PGR é infundada, porque brincadeiras, de acordo com o entendimento da Justiça, não se configuram como crime de calúnia.
Ele também comentou a “tremenda eficiência” da PGR, que em três dias ajuizou a denúncia contra Moro, já que o vídeo teria viralizado em 14 de abril e a manifestação da subprocuradora-geral foi no dia 17. “Eu queria uma PGR rápida assim na Lava Jato”, alfinetou. Além disso, lembrou que a posição do órgão do Ministério Público Federal também traz uma “incoerência tremenda da PGR, com dois pesos, 13 medidas”.
“O Gilmar Mendes caluniou e injuriou os procuradores da Lava Jato várias vezes. O PGR também vai denunciar em três dias?”, questionou. “Ele [Gilmar] chamou de esquadrão da morte os procuradores, de organização criminosa, de cretinos, de gângsteres, de espúrios, crápulas e apontou ‘corrupção’”, declarou Dallagnol, num vídeo publicado no Twitter.
O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) considerou surreal a decisão da PGR, feita em razão de uma piada e compartilhou o vídeo no qual Moro faz o comentário, em tom de brincadeira. Gayer também compara a fala de Moro com a do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que acusou seriamente o ministro de vender sentenças.
Fonte: Revista Oeste