Destaque Judiciário

Falta transparência do TSE no combate a supostas fake news, relata jornal

Os ministros Alexandre de Moraes (à esq) e Cármen Lúcia (à dir), durante sessão plenária no STF | Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Em 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu intensificar suas ações contra o que considera fake news e até criou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED). Atualmente sob o comando da ministra Cármen Lúcia, o TSE ampliou suas estruturas de combate a notícias falsas, contudo, falta transparência sobre a atuação desses órgãos, conforme reportagem publicada nesta sexta-feira, 3, pela Folha de S.Paulo.

Em 2024, o TSE fundou o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde), unindo diversas instituições. No entanto, a triagem de denúncias pela plataforma on-line, que possibilita que cidadãos denunciem anonimamente publicações “suspeitas” na internet, enfrenta críticas por falta de supervisão externa.

Críticas à transparência do TSE em combate às supostas fake news

De acordo com o jornal, esse método de triagem, que analisa denúncias sobre “desinformação” contra “membros, servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral” e candidatos, pode prejudicar a imagem de imparcialidade do TSE.

Presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, em pronunciamento no CDE 2024, no 2º turno das eleições | Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Conforme dados de dezembro de 2024, de 5.250 denúncias que chegaram ao TSE, 1.972 foram arquivadas por falta de dados mínimos ou por estarem fora do escopo.

Durante o processo eleitoral, o tribunal não divulgou, por exemplo, números gerais de alertas que arquivou ou enviou para as empresas de redes sociais. A Folha informa que, mesmo no relatório final do TSE, constam apenas dados genéricos, sem detalhamento por categoria ou explicações sobre as medidas que a Justiça decidiu adotar.

Explosão do dólar: jornalismo especulativo ajuda PT a esbulhar o país

Meta e TikTok publicaram relatórios finais em dezembro de 2024, mas Google e Kwai não responderam aos pedidos de informações. O TSE afirma que o relatório de resultados contém dados detalhados, apresentados primeiramente aos órgãos do Ciedde antes de serem divulgados publicamente.

Opiniões divergentes sobre o papel do tribunal

A advogada eleitoral Carla Nicolini observa que há um julgamento prévio dos conteúdos, o que pode afetar a imparcialidade do TSE, embora reconheça a falta de regulamentação pelo Congresso. Ivar Hartmann, professor de direito do Insper, também ressalta que a ausência de dados detalhados inviabiliza a transparência e a prestação de contas.

Já André Boselli, da ONG Artigo 19, defende que a triagem pelo TSE não deve ocorrer fora de uma atuação judicial. Ele acredita que, mesmo sem ser uma ordem judicial, as plataformas podem remover conteúdos para evitar complicações.

Durante a gestão de Alexandre de Moraes, foi publicado um manual de triagem do Ciedde, implementado em março de 2024. O centro reúne órgãos como a Polícia Federal e o Ministério da Justiça. Em junho de 2024, organizações da sociedade civil solicitaram reunião com o TSE para discutir o manual, mas não obtiveram resposta.

Estratégias e respostas do TSE

O tribunal não se pronunciou sobre o motivo do plano estratégico do programa de enfrentamento à desinformação para as eleições de 2024 não estar disponível. A publicação do documento só ocorreu em outubro, quando as medidas já estavam em curso.

Em resposta, o TSE afirmou em dezembro de 2024 que a publicação do plano estratégico “apenas formalizou e ampliou a transparência” do que estava sendo feito entre junho e setembro. Disse também que “o que a cada plano é posto não desfaz nem se afasta do que antes foi preparado, salvo se houver mudança específica”.

Fonte: Revista Oeste

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *