Há quatro dias consecutivos, a equipe do Corpo de Bombeiro de Goiás trabalha no combate às chamas que se alastram na Chapada dos Veadeiros, interior de Goiás. O incêndio teve início no último domingo (12), no vale em Alto Paraíso de Goiás. De acordo com o CBM 8 mil hectares de vegetação da região já foram destruídos.
Atualmente, o Cerrado enfrenta o maior número de incêndio, desde 2012. Entre 1970 e 2018, o segundo maior bioma brasileiro já havia perdido metade da sua vegetação original, até mesmo mais do que a Amazônia (20%).
Segundo a geógrafa e professora do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG), Juliana Ramalho, é preciso um estudo detalhado para identificar as reais causas dos incêndios. “O Cerrado é naturalmente propenso à ocorrência de incêndios e nem sempre é possível afirmar a causa sem o estudo detalhando em cada local. Mas podemos afirmar que em boa parte dos casos as causas são antrópicas”, afirma Juliana.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este ano foram registrados mais de 30 mil focos de incêndio, 30% a mais que no mesmo período do ano passado, sendo considerado o maior número desde 2012.
O Inpe aponta que além das queimadas, o Cerrado também sofre com o desmatamento, onde a vegetação é ocupada por gados e produção e grãos. Juliana explica que essa expansão da agropecuária também tem forte relação com vários desses incêndios. “A agropecuária por si só já é responsável pelo desmatamento e a consequente perda de biodiversidade do Cerrado”, ressalta.
A geógrafa destaca que o Cerrado também abriga 12 bacias hidrográficas essa devastação do bioma, reflete na crise hídrica em que estamos vivendo. “Ao devastar o bioma, isso interfere na recarga dos aquíferos, causa assoreamento de cursos d’água e o resultado é que o solo e os mananciais ficam sem qualquer excedente para aguentar passar pelo período da estiagem”, pontua Juliana.
Fonte: Jornal Diário do Estado de Goiás