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Governo Lula escolheu Choquei para campanhas contra ‘desinformação’

Página do Ministério da Saúde interagiu 17 vezes com o perfil conhecido por disseminar fofocas nas redes sociais

No decorrer do ano passado, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou campanhas contra a disseminação de notícias falsas em parceria com um perfil com histórico de espalhar fofocas, conteúdos difamatórios e peças de desinformação nas redes sociais. O parceiro em questão foi a Choquei.

O site Núcleo revelou a relação do governo Lula com o perfil de fofocas nesta segunda-feira, 25. A partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, o veículo de comunicação registra que o Executivo federal incluiu a Choquei em um “mapeamento de influenciadores”.

Pelo Executivo federal, as ações com a página de fofocas se deram, sobretudo, por meio do Ministério da Saúde. Conforme o Núcleo, foram pelo menos 17 interações pelo perfil oficial da pasta com a Choquei. A interação se deu de junho de 2023 até janeiro deste ano.

Uma das interações ocorreu em agosto de 2023, quando o ministério divulgou campanha de vacinação com o personagem Zé Gotinha. Em outro momento, já em janeiro de 2024, a pasta sob comando de Nísia Trindade responde a uma postagem feita pela Choquei justamente com tom de “prestação de serviço” em relação ao órgão.

Governo Lula afirmou que interação com a Choquei se deu sem remuneração

Em nota, o Ministério da Saúde do governo Lula informou que as ações de interação com a Choquei ocorreram sem remuneração. Ou seja, não teve utilização de dinheiro público para pagar “cachê” à página de fofocas.

“[Nenhuma página] recebe qualquer tipo de cachê ou pagamento pela produção de conteúdo ou participação em materiais orgânicos de redes sociais”, afirmou, em nota, a pasta.  “O mapeamento de influenciadores não significa que todos os perfis mapeados tenham sido parceiros do Ministério da Saúde ou mesmo tenham sido abordados pela pasta para qualquer campanha.”

Em outro momento do comunicado encaminhado à equipe do site Núcleo, o Ministério da Saúde alega interagir com diversas contas espalhadas pelas redes sociais. Não explicou, entretanto, a soma de mensagens públicas trocadas com um perfil de fofocas.

“O objetivo das interações realizadas pelo Ministério da Saúde é levar informação institucional da pasta para os públicos interessados no tema”, afirmou o órgão. “A pasta responde, inclusive, críticas de usuários”.

Conforme o Núcleo, a agência FSB foi a responsável pelo mapeamento de influenciadores para o Ministério da Saúde.

Página envolvida em caso de suicídio

A Choquei é criação de Raphael Sousa. No Instagram, por exemplo, a página de fofocas contabiliza 20 milhões de seguidores.

No fim do ano passado, o perfil virou notícia por causa de conteúdo difamatório. Sem checar informações, a Choquei afirmou, a saber, que a então jovem desconhecida Jéssica Vitória Canedo, do interior de Minas Gerais, estaria se relacionando com o humorista Whindersson Nunes. Apesar de os dois negarem o boato, a página, inicialmente, decidiu manter o conteúdo no ar.

Sousa, o criador da Choquei, chegou a ironizar um pedido de Jéssica para que a disseminação do conteúdo difamatório chegasse ao fim. Ele reclamou de texto supostamente longo publicado pela jovem. “Avisa para ela que a redação do Enem já passou”, afirmou. “Pelo amor de Deus”.

Com problemas de depressão, Jéssica cometeu suicídio em 22 de dezembro de 2023.

Desfecho das investigações

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Vítima de difamação da Choquei, Jéssica Vitória Canedo tirou a própria vida no dia 22 de dezembro | Foto: Montagem da Revista Oeste com imagens das redes sociais

No início deste mês, a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu as investigações envolvendo o suicídio da jovem que se tornou alvo da Choquei. As autoridades afirmaram que foi a própria Jéssica quem montou mensagens falsas trocadas com Whindersson — e teria repassado, por meio de perfis fakes, o suposto romance a perfis de fofocas.

Sem checar, a Choquei, que já interagia com o Ministério da Saúde, deu vez ao boato. Com a disseminação o conteúdo difamatório, a Polícia Civil mineira indiciou uma garota de 18 anos, que não teve a identidade divulgada, pelo crime de instigação ao suicídio.

Fonte: Revista Oeste

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