Moeda brasileira passou por aguda desvalorização, agravada especialmente pelo descrédito da política econômica do governo
Com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil viveu em 2024 uma grande seca e incêndios disseminados, além de enchentes que destruíram parte do Rio Grande do Sul. Um dos resultados desses desastres foi perda na produção de carnes, leite, arroz, café, açúcar e laranja, por exemplo, afora danos na horticultura. É o que destaca o jornal Folha de S.Paulo em editorial desta sexta-feira, 24.
Além do mais, a moeda brasileira passou por aguda desvalorização — em grande parte, segundo o jornal, pelo descrédito da política econômica do governo, que impulsionou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) por meio de expansão insustentável do gasto e da dívida pública. Isso teve impacto na inflação, particularmente na de alimentos.
O país ainda convive com grau elevado de inércia inflacionária — vale dizer, o encarecimento de algumas mercadorias tende a afetar outras; o consumo, ademais, está em nível alto, dado o desempenho robusto da atividade econômica, o que facilita o repasse de custos para os consumidores.
“Esse é o cenário da elevação recente dos preços da comida, que suscitou reações desencontradas de um governo ora obcecado por críticas nas redes sociais”, afirma a Folha.
“O presidente da República pediu a seus ministros que tomem providências rápidas a respeito do tema — dando mostras de que a gestão petista não tem consciência das causas da inflação, imagina que possa tomar medidas relevantes no curto prazo e, de quebra, arrisca-se a comprometer ainda mais seu prestígio”, acrescenta o jornal.
O custo dos alimentos consumidos em domicílio aumentou ao longo do ano passado, com alta de 8,2%. O fenômeno teve dois efeitos na percepção da carestia.
Primeiro, atingiu itens essenciais: carnes, óleo de soja, café, arroz, laticínios. Segundo, agravou um problema que persiste desde a epidemia de covid-19: embora o avanço do valor médio dos rendimentos do trabalho supere o da inflação, o nível do preço da comida continua acima do normal.
Com Lula, preço dos alimentos se descolam dos salários
Houve grande descolamento desse segmento em relação a salários, o que é muito evidente a partir do terço final de 2020. De fins de 2019 até agora, registrou-se encarecimento de mais de 60% dos alimentos que se consomem em casa, ante expansão média de cerca de 40% dos rendimentos do trabalho. A distância voltou a crescer a partir de agosto do ano passado.
“Um governo, em tese, pode tomar medidas para tornar mais eficientes a produção e a distribuição de alimentos: estudos sobre localização de lavouras, mitigação da crise climática, crédito, assistência técnica, seguros, transportes melhores, diminuição do poder de mercado de firmas, tributação comedida”, diz o veículo. “Em uma perspectiva otimista, isso tem efeito no médio prazo.”
“Salvo algum milagre, Lula não conseguirá conter preços de imediato — sendo mais prováveis intervenções desastradas ou novas polêmicas inúteis, como ao aventar a flexibilização de prazos de validade de alimentos”, conclui o texto.
Fonte: Revista Oeste