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Indígenas denunciam ONGs da Amazônia e revelam esquema

Carta enviada à CPI e obtida por Oeste mostra apelo de tribo por esclarecimentos e reitera apoio aos trabalhos da comissão

Composta de 40 famílias, a comunidade Ucuqui Cachoeira, no Rio Uaraná, no Amazonas, publicou uma carta revelando supostos abusos cometidos por ONGs que atuam na região. Oeste teve acesso ao documento enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o terceiro setor na Amazônia, nesta terça-feira, 26.

“Registramos que nossa comunidade, desde sua fundação em 1974 até o presente momento, jamais recebeu benefícios concretos dos projetos advindo das ONGs Instituto Sócio Ambiental (ISA) e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), de São Gabriel da Cachoeira”, diz trecho do texto assinado por indígenas da etnia Baniwa.

De acordo com a população, o ISA, auxiliado pela Foirn, apropriou-se dos conhecimentos dos nativos para o cultivo da pimenta local para lucrar. O ISA teria ainda prometido uma casa de pimenta na região, “mas, infelizmente, só tem casa e nome, porque não existem materiais e equipamentos para processar”. “Enquanto isso, a casa serve como habitat para os morcegos”, relatam os indígenas.

Conforme os signatários do documento, o ISA pagou R$ 4 por pote de 15 gramas de pimenta e o revendeu por R$ 60 na cidade.

Ainda segundo os indígenas, as ONGs prometeram repassar 10% dos lucros de uma cervejaria irlandesa pela compra das pimentas usadas em uma cerveja especial. O dinheiro, contudo, não teria chegado.

“Queremos justiça e que o ISA nos indenize, pelo abuso e pela ganância que viemos sofrendo há décadas”, apela a carta. “Aqui, não existem sustentabilidade e segurança alimentar. Para garantir a nossa alimentação, passamos 24 horas na floresta ou no rio em busca de caça, ou peixe para garantir nossa subsistência.”

Apoio à CPI das ONGs da Amazônia

A carta expressa também “total apoio irrestrito” à CPI das ONGs. “Renovamos a esperança de que com resultado da CPI, teremos liberdade de desenvolvimento econômico real e social à nossa comunidade e para o país, possibilitando, assim, o exercício da soberania nacional nas mais diversas vertentes, especialmente em relação aquelas obras caracterizadas como de interesse regional e nacional”, diz o documento.

Fonte: Revista Oeste

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