O presidente Lula afirmou que tem divergências políticas com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à CNN, Lula afirmou que “teria o direito” de brigar com o presidente do BC porque eles não têm a mesma “cabeça política”.
“Não cabe ao presidente da República ficar brigando com o presidente do Banco Central. Eu até teria direito, porque ele não foi indicado por mim, ele foi indicado pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro, ele foi indicado pelo [ex-ministro Paulo] Guedes. Então significa que a cabeça política dele é muito diferente da minha cabeça e daqueles que votaram em mim”, declarou à CNN. “Mas ele está lá, tem um mandato, a única coisa que eu quero é que ele cumpra o que está na lei, que ele tem que cuidar da inflação, do crescimento, tem que cuidar do emprego.”
Lula começou a fazer críticas públicas ao BC há algumas semanas e subiu o tom, com ajuda de aliados, depois que a autoridade monetária manteve a taxa anual de juros a 13,75%.
Na entrevista, ele voltou a criticar a independência da instituição, a taxa de juros e as metas de inflação e afirmou que se a economia não melhorar, poderá propor o fim da independência do órgão de política monetária.
Questionado se poderia rever a lei que estabelece a independência do BC, Lula disse que “se a autonomia trouxer uma coisa extremamente positiva não tem problema nenhum de ele ser independente”. “Isso nunca foi uma coisa de princípio para mim. O que eu quero saber é o resultado. Um Banco Central autônomo vai ser melhor, vai melhorar a economia? Ótimo, mas se não melhorar, nós temos que mudar”, declarou Lula.
Ele também fez questão de ressaltar que o BC não é independente, mas autônomo. “Ele tem autonomia, mas não é independente. Ele tem compromisso com a sociedade, com o Congresso, com o presidente da República.”
Fonte: Revista Oeste