Governo manda mensagens contraditórias sobre sua disposição efetiva de cortar despesas
Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que a ordem do dia era frear o crescimento dos gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A equipe econômica criou expectativas de que apresentaria um pacote de corte de despesas para reequilibrar as contas públicas assim que as eleições municipais acabassem. Ventilou-se, inclusive, um pacote de medidas que poderia gerar uma economia de até R$ 50 bilhões.
Mas, na última terça-feira, 29, Haddad mudou o tom. Ele avisou que ainda terá muitas reuniões com Lula sobre a situação, e não estipulou prazo para a apresentação do tal pacote. Ao fim, evitou mencionar qualquer projeção sobre a economia que suas medidas poderiam gerar. “Nunca divulguei o número para vocês”, disse ele à imprensa.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as mensagens contraditórias que o governo Lula manda sobre sua disposição de cortar despesas se refletem na alta dos juros e do dólar. Na quarta-feira 30, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,76, maior valor desde 2021. Vale lembrar que o câmbio estava cotado em R$ 4,85 no final de 2023.
Estadão critica planos da equipe econômica de Lula
Em seu editorial de opinião de hoje, o Estadão afirma que as vitórias da centro-direita e o “desempenho sofrível” dos candidatos do PT nas urnas acenderam o alerta para a disputa presidencial de 2026. “Certamente haverá quem defenda aumentar ainda mais os gastos para fazer frente a esse cenário político desafiador, o que dificulta os planos da equipe econômica”, analisa o jornal.
O texto destaca também que a expectativa do mercado para a inflação deste ano já superou o teto da meta, os juros futuros continuam a subir e a dívida bruta deve superar o patamar de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2032. “Isso vai fazer um picadinho do arcabouço fiscal”, afirma o editorial.
“O governo não demonstra pressa e afirma que as medidas de corte visam a cumprir a meta de 2026”, destacou a publicação. “A resistência de Lula é evidente, e ele não parece nada convencido sobre a necessidade de rever gastos públicos de uma maneira estrutural. Os bloqueios, contingenciamentos e pentes-finos do governo em benefícios sociais, previdenciários e assistenciais não enganam mais ninguém”, concluiu o Estadão.
Fonte: Revista Oeste