Os microplásticos que poluem os oceanos podem ser veículos para germes patogênicos terrestres que provocam doenças em organismos marinhos e seres humanos, concluíram cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
A pesquisa, publicada hoje (26) no boletim Scientific Reports, é a primeira em que se admite que os microplásticos – fragmentos com tamanho inferior a cinco milímetros – podem disseminar doenças transmitidas por organismos como Toxoplasma gondii, Cryptosporidium ou Giardia. Eles podem chegar aos seres humanos por meio do consumo de marisco.
“É fácil as pessoas desvalorizarem o problema dos plásticos nos oceanos como algo que não lhes diz respeito, mas quando se fala de doenças e saúde, torna-se mais fácil adotar mudanças. Os microplásticos deslocam germes de um lado para o outro e podem acabar na nossa comida e água”, afirmou a pesquisadora Karen Shapiro, especialista em doenças infecciosas.
O Toxoplasma gondii é um parasita que se encontra nas fezes dos gatos e que já infectou muitas espécies oceânicas com a doença toxoplasmose, como espécies de golfinhos e focas, além de provocar doenças prolongadas em seres humanos e problemas reprodutivos.
Cryptosporidium e Giardia provocam doenças gastrointestinais e podem ser fatais para crianças e pessoas imunocomprometidas.
Os autores do estudo analisaram em laboratório maneiras como os patogênicos se podem associar aos plásticos na água do mar, sobretudo os que são utilizados em produtos cosméticos e os que vão parar no oceano com as águas de lavagem de roupa ou a partir de redes de pesca.
Embora os parasitas se fixem mais aos microplásticos da roupa e das redes de pesca, todos os tipos de plástico analisados são capazes de transportar patogênicos.
Os microplásticos que flutuam na superfície podem se deslocar por grandes distâncias, espalhando micro-organismos para bem longe de sua origem. Os que se afundam concentram-se no leito do mar, onde animais como ostras e outros tipos de bivalves vivem, aumentando a probabilidade de consumirem o plástico ou os micro-organismos que causam doenças.
“Os plásticos enganam os invertebrados. Estamos alterando as redes naturais de alimentação, ao introduzir esse material de fabricação humana, que também pode transportar parasitas mortíferos”, disse Shapiro.
A cientista Chelsea Rochman, especialista em poluição e professora de ecologia na Universidade de Toronto, afirmou que há maneiras de evitar que os plásticos cheguem ao oceano, entre elas a colocação de filtros nas máquinas de lavar e secar e nas saídas de águas residuais.
Fone: Agência Brasil