Mais de 600 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram na segunda-feira 24, pela segunda vez, uma fazenda que pertence à União, em Hidrolândia (GO), distante 35 quilômetros de Goiânia. A Fazenda São Lukas já tinha sido invadida em 25 de março, mas foi desocupada dois dias depois.
Essa área de 680 mil metros quadrados, no passado, foi usada no passado por um grupo criminoso condenado em 2009 por exploração sexual e tráfico internacional de pessoas. Em 2016, com o entendimento de que a fazenda foi adquirida com dinheiro do crime, a área passou para propriedade da União.
Em nota publicada em seu site, o MST afirma que a invasão ocorreu na manhã de segunda-feira e a intenção do é “chamar atenção do governo federal para a situação da fazenda”. “A reivindicação das famílias é que a propriedade seja destinada para a constituição de um novo assentamento. Além disso, elas também cobram o assentamento das mais de três mil famílias existentes no Estado.”
A invasão de março foi desfeita pela Polícia Militar um dia depois. Naquela ocasião, a PM disse que houve diálogo e negociação com “os líderes do movimento e seus advogados”, e que a saída dos sem-terra foi voluntária.
Depois da saída dos invasores, em março, a Superintendência de Patrimônio da União (SPU) de Goiás, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, afirmou que começou as tratativas com o braço estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para incluir a antiga Fazenda São Lukas nos programas de reforma agrária.
De acordo com o órgão, o imóvel pertencia ao grupo suíço Pietro Chiesa, condenado por organizar, junto de outras nove pessoas, um esquema de tráfico internacional de mulheres e meninas para prostituição. O esquema, descoberto pelas autoridades em 2002, usava a fazenda como rota. O imóvel foi arrestado pela União, junto com demais bens do patrimônio de Chiesa e de outros condenados.
A SPU de Goiás também afirmou, em março, que possui um Acordo de Cooperação Técnica com o município de Hidrolândia, para regularizar a propriedade da fazenda e planejar um novo destino para a propriedade.
Fonte: revista Oeste