O parlamentar mineiro lembrou ao ministro do STF que ‘todas as tiranias’ foram derrotadas
Durante a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para discutir a criação do Dia Nacional dos Presos Políticos, nesta quinta-feira, 16, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) mandou um recado para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes: “Chega! Já deu”, disse o conservador mineiro, sendo ovacionado pelos presentes.
Em debate sobre a criação do Dia Nacional dos Presos Políticos, que, se aprovado, poderá ser comemorado em 9 de janeiro, Nikolas destacou as motivações que levaram a Corte a condenar os manifestantes de 8 de janeiro.
“Foi todo um processo injusto, persecutório, porque essas pessoas estavam de verde e amarelo”, disse o parlamentar. “Se estivessem de vermelho, com MST no peito, ou com a UNE no peito, ou simplesmente black blocs, eles estariam absolvidos.”
Nikolas pediu a Moraes que interrompa suas ações autoritárias e afirmou que essa atitude do ministro seria superada pela sociedade brasileira.
“Se o recado que ele queria dar para a direita foi de que ele é malvado, de que ele consegue sim colocar medo nas pessoas”, disse Nikolas, “quero dizer que ele saiu derrotado de tudo isso, mas chega.”
Ferreira também expressou preocupação com o medo que alguns deputados sentem de criticar o magistrado, comparando-o ao personagem Voldemort da série Harry Potter, “aquele que não pode ser falado”.
O discurso destacou também a difícil situação das famílias dos presos políticos, lembrando a morte de Clériston Pereira da Cunha, conhecido como “Clezão”, que estava preso na Papuda, em Brasília.
“Não é somente uma luta política que está acontecendo aqui, não”, lembrou Nikolas. “Nós temos famílias sendo destruídas. Temos hoje uma família que está sem um pai, porque o Clezão morreu na cadeia.”
Recado a Pacheco
Nikolas ressaltou que a mesma mídia que, durante seis anos, insistiu em buscar um culpado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, ignorou a morte do preso político, assim como influenciadores e a classe política.
“Eu nunca vi o presidente do Congresso Nacional fazer um minuto de silêncio pelo Clezão”, destacou.
Nesse momento, alguém gritou ao fundo: “Covarde”. Em seguida, Nikolas concordou e repetiu: “Covarde”, aproveitando para mandar outra mensagem, desta vez direcionada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Nós não temos amnésia”, falou o deputado. “As pessoas aqui não irão esquecer dos omissos que foram quando pessoas morreram, quando mães, pessoas comuns estão presas até hoje, estão com tornozeleira eletrônica. Aí te pergunto: quantos corruptos estão com tornozeleira eletrônica em nosso país?”
Fonte: Revista Oeste