A Polícia Militar (PM) pediu a prisão cautelar dos policiais supostamente envolvidos na execução de Henrique Alves Nogueira. Henrique morreu após entrar em uma viatura da PM, em Goiânia, na última semana. A corporação confirmou a informação por nota, enviada ao Mais Goiás.
“A Polícia Militar por meio do encarregado do Inquérito (IPM), de forma cautelar, requereu a prisão dos policiais militares envolvidos na abordagem de Henrique Alves Nogueira e aguarda a manifestação da Justiça Militar sobre o referido pedido. A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que o caso está sendo apurado com o devido rigor.”
Os policiais que participaram da ocorrência alegam que houve confronto. No entanto, vídeos registrados por câmeras de segurança mostram que Henrique não ofereceu resistência à abordagem e foi colocado no automóvel pelos militares. Os quatro envolvidos no caso foram afastados.
Confira a nota AQUI.
Relembre o caso
Segundo o relato dos policiais na ocorrência, a equipe realizava patrulha pelo Setor Jardim Real Conquista, quando se deparou com dois homens em uma motocicleta. Os militares narram que deram ordem de parada, mas o condutor da moto fugiu. O carona, segundo eles, confrontou os policiais e foi atingido no revide. A ocorrência teria acontecido na noite de quinta-feira (11)
No entanto, imagens de câmeras de segurança mostram que Henrique foi abordado na manhã de quinta-feira, no Jardim Europa. No registro, é possível ver o momento em que o jovem anda pela rua e é abordado pelos policiais do Patrulhamento Tático. Os militares fazem a conferência de documentos e conversam com o homem. Momentos depois, o colocam na viatura.
De acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DIH), a corporação foi acionada por volta das 22h para atender a ocorrência do suposto confronto, em uma estrada de terra do Real Conquista. Ainda na versão dos militares, o jovem estava com uma arma, uma mochila e grande quantidade de drogas. Nas imagens, porém, não há registro do homem com nenhum dos objetos.
Em nota, a PM informou que afastou os policiais assim que tomou conhecimento do caso. A corporação afirmou que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e determinou a abertura de um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta dos envolvidos.
A Polícia Civil investiga o caso e tenta descobrir o que ocorreu entre o período em que o homem foi abordado e o momento em que ele foi localizado morto. Henrique deixa esposa e uma filha de 4 anos.
Mais detalhes
Vale citar, segundo o advogado da família, Alan Araújo Dias, o corpo de Henrique tinha lesões que não existiam no momento da abordagem. “Existem lesões que podem indicar tortura”, relata o que ocorreu antes da suposta execução. O caso aconteceu na última quinta-feira (11).
De acordo com o jurista, a abordagem ocorreu às 8h, conforme câmera de vídeo. O suposto confronto e o registro da ocorrência às 22h do mesmo dia. Alan ressalta, ainda, que os responsáveis pela abordagem e por acionar a Polícia Civil foram os mesmos agentes da PM. “Ele sofreu uma abordagem sem mandado e sem nenhum ilícito.”
Vale citar, Henrique tinha passagens por tráfico de drogas e roubo (2017), e por receptação (2019). Este último, explica Alan, é o único que ainda tramita. “Eles [PMs] abordam a pessoa na rua, veem que tem passagem e começam a pressionar e a torturar para entregar outros nomes.” Para o advogado, foi provavelmente isso que ocorreu antes da suposta execução.
Fonte: Mais Goiás