A DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima) do Rio de Janeiro pediu à Justiça a prisão preventiva do ator José Dumont, 72, investigado por estupro de vulnerável. A representação foi entregue à 33ª Vara Criminal na sexta-feira (14).
José Dumont já havia sido preso em flagrante, em 15 de setembro, por armazenar material pornográfico infantojuvenil. O ator foi solto na última quarta (12), e está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
A reportagem não localizou o advogado Arthur Bruno Fischer, que faz a defesa de Dumont, até a tarde deste domingo (16).
A Polícia Civil informou que foram reunidas evidências sobre o abuso sexual de um adolescente. “Este foi o fato que motivou as primeiras apurações envolvendo o ator, mas, na época, a equipe da delegacia só obteve um mandado de busca e apreensão para a residência”, diz a nota. Nesta semana, a mãe da vítima foi ouvida na DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).
A polícia alegou ainda que, em liberdade, José Dumont representa risco a outras crianças e adolescentes.
O ator foi preso no apartamento onde mora no Flamengo, zona sul do Rio, por suspeita de armazenar imagens de sexo envolvendo crianças, crime previsto no artigo 241-B do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
No local, os agentes encontraram cerca de 240 arquivos de pornografia infantil, totalizando 98 megabytes, entre fotos e vídeos, em um computador e no celular do ator. Alguns dos arquivos mostram cenas de sexo entre crianças de 8 a 11 anos, e também havia fotos de bebês.
Dumont alegou à polícia que pesquisou as imagens para estudo para a realização de um trabalho sobre o tema e que não participa de grupos com trocas de imagens infantis pornográficas. Ele também negou ter fotografado, filmado, comprado ou vendido qualquer material do tipo.
Segundo a investigação, o ator disse que “extraiu a totalidade das imagens da internet” e que “não participa de grupos com trocas de imagens infantis pornográficas”. Dumont também negou ter fotografado, filmado, comprado ou vendido material do tipo.
Em 16 de setembro, o ator teve a prisão convertida em preventiva. No dia 23 do mesmo mês, a 1ª Vara Especializada em Crimes contra a Criança e o Adolescente aceitou a denúncia do (MPRJ) Ministério Público do Rio.
No entanto, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a soltura de Dumont, que deixou a prisão Casa do Albergado Crispim Ventino, em Benfica, na zona norte do Rio, na manhã da última quarta-feira (12).
Na ocasião, a decisão entendeu que a prisão preventiva precisava ser revogada pois o ator está sendo processado pelo crime de armazenamento de imagens de cenas pornográficas e, de acordo com o Código de Processo Penal, nestes casos, não cabe a prisão preventiva.
Com mais de 40 anos de carreira, Dumont atuou em filmes, novelas e séries. Ele estava no elenco da próxima de “Todas as Flores”, novela a ser exibida no Globoplay. Porém, após a prisão, a TV Globo afirmou que decidiu retirá-lo da obra.
Dumont nasceu em Bananeiras, na Paraíba. Entre os trabalhos, atuou em “Abril Despedaçado” (2001), de Walter Salles; “Lúcio Flávio — o Passageiro da Agonia” (1977), de Hector Babenco; e “Gaijin — os Caminhos da Liberdade” (1980), de Tizuka Yamasaki.
Com “O Homem que Virou Suco” (1981), de João Batista de Andrade, recebeu o prêmio de melhor ator nos festivais de Gramado e Brasília. No Festival de Havana de 1985, foi o melhor ator por três filmes: “O Baiano Fantasma”, “Avaeté”, e “Tigipió”.
Fonte: Mais Goiás