Descoberta é utilizada na criação de cores em telas planas, lâmpadas de LED e para ajudar cirurgiões a enxergar vasos sanguíneos em tumores
Os cientistas Moungi Bawendi (francês), Louis Brus (norte-americano) e Alexei Ekimov (russo) ganharam o Prêmio Nobel de Química de 2023. O anúncio foi feito na manhã da quarta-feira, 4. Eles foram premiados pela descoberta de aglomerados de átomos conhecidos como pontos quânticos, “nanopartículas tão pequenas que seu tamanho determina suas propriedades”, segundo o júri.
Esses pontos quânticos são utilizados na criação de cores em telas planas, lâmpadas de LED (díodo emissor de luz) e dispositivos que ajudam os cirurgiões a enxergar com precisão vasos sanguíneos em tumores.
A academia que organiza evento fez o seguinte comentário: “os cientistas adicionaram cor à nanotecnologia”. Os três passaram a ficar ao lado de grandes nomes da ciência, laureados com o Nobel de Química, incluindo o pioneiro da radioatividade Ernest Rutherford e Marie Curie, que também ganhou o prêmio de física.
“Os pesquisadores acreditam que no futuro poderão contribuir para a eletrônica flexível, sensores minúsculos, células solares mais finas e comunicação quântica criptografada”, afirmou a academia responsável pelo Prêmio Nobel de Química em comunicado.
O prêmio com mais de um século é concedido pela Real Academia Sueca de Ciências e vale 11 milhões de coroas suecas (US$ 1 milhão).
Pouco antes do anúncio oficial, na manhã de quarta-feira, o nome dos premiados vazou inadvertidamente.
À agência Reuters, por telefone, dos Estados Unidos, Bawendi se mostrou surpreso, sem se alongar em sua declaração. Ele se disse “muito surpreendido, sonolento, chocado, inesperado e muito honrado”.
O presidente do Comitê do Nobel de Química, Johan Aqvist, ressaltou seu espanto com a descoberta premiada. Ele disse, de acordo com a Reuters, que uma das “propriedades fascinantes e incomuns” dos pontos quânticos é que eles criam luzes de cores diferentes, dependendo do tamanho da partícula, enquanto mantêm a estrutura atômica inalterada.
Em coletiva, Bawendi se alongou mais em sua fala. “Há muito trabalho ainda sendo pesquisado em outras aplicações potenciais, incluindo catálise e efeitos quânticos de todos os tipos”, disse ele. “É uma área de pesquisa muito interessante. Tenho certeza de que algo realmente interessante vai surgir.”
O trabalho em questão teve origem no início da década de 1980, quando Ekimov percebeu que a cor do vidro mudava com o tamanho das moléculas de cloreto de cobre que ele continha. Entendeu que esse fenômeno tinha relação com forças subatômicas.
Brus, por sua vez, também fez novas descobertas sobre a cor dos fluidos.
Já Bawendi, em 1993, revolucionou a produção de pontos quânticos, compostos de aglomerados que variam de centenas a milhares de átomos.
Os três professores têm origens distintas, mas interesses comuns
Bawendi, nascido em Paris em 1961, se tornou professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos (EUA), cargo que exerce atualmente. Brus é professor emérito da Universidade Columbia, também nos EUA. Já Ekimov trabalha para Nanocrystals Technology Inc.
Brus, nascido em Cleveland em 1943, se aprofundou no estudo de nanocristais no período em que foi contratado pela AT&T Bell Labs em 1972, onde passou 23 anos. Ele dedicou parte do seu tempo a esse trabalho.
Bawendi, que cresceu na França, na Tunísia e nos EUA, fez sua pesquisa de pós-doutorado com Brus, conforme conta a Reuters. Ingressou no MIT em 1990, onde, em 1996, se tornou professor.
Já o soviético (agora russo) Ekimov, nascido em 1945, antes de se mudar para os EUA, trabalhou para o Vavilov State Optical Institute. Foi nomeado, em 1999, cientista-chefe da Nanocrystals Technology Inc.
Fonte: Revista Oeste