O Planalto aprendeu com o STF a perseguir, calar e querer prender seus inimigos
Uma catástrofe natural como a enchente no Rio Grande do Sul é inevitável, assim como um terremoto, um vulcão em erupção, um tsunami. O que não é natural é ter conhecimento sobre as possibilidades reais da ocorrência desses fenômenos e não fazer nada para se prevenir. Assim como não é natural que alguém com condições de fazer algo pelas vítimas se omita e, pior, critique quem está fazendo alguma coisa por elas. Mas isso está acontecendo agora no Brasil.
A catástrofe humana gerada pelas enchentes no Rio Grande do Sul poderia sim ser evitada. Ano passado, nessa mesma época, chuvas torrenciais castigaram o território gaúcho. Nada foi feito deste então. Nenhuma estratégia de escoamento de água, de proteção da população, de acolhimento de possíveis desabrigados foi adotada. A indiferença do governador do Rio Grande do Sul só não é indiferente para trocar sua foto de rede social ou divulgar a ligação com presidente Lula para dizer que fez ou está fazendo alguma coisa.
O governo Lula, por sua vez, foi acusado de um excesso de burocracia para acolher doações de mantimentos da população civil. Caminhões repletos de mantimentos para as vítimas das enchentes estavam sendo parados e até multados por excesso de carga. Tudo foi filmado. Mas o governo “desmentiu”. A rede Globo “desmentiu”. O governo insistiu que era mentira e ainda quis processar quem estava criticando a sua incompetência. Fake news, disseram. Fake news é aquele “crime” que não existe no Código Penal, mas serve para uma autoridade censurar, processar e perseguir qualquer adversário político, chamando-o de mentiroso por qualquer opinião que discorde da “verdade” oficial.
O governo federal aprendeu direitinho com o STF a perseguir, calar e querer prender seus inimigos. Mas foi além. Está querendo perseguir e prender gente que criticou o governo e tentou impedir que vidas fossem arruinadas pela falta de doações. Sim, não houvesse essa denúncia, pessoas não receberiam os mantimentos. Se não existissem as redes sociais e outras emissoras que não passam pano para a realidade e para a incompetência do governo, pessoas estariam morrendo agora pela burocracia esdrúxula do governo federal, que conta com a ajuda da Rede Globo em suas mentiras. Mente impondo e projetando sua mentira em quem tenta ajudar as pessoas.
Agora, eu pergunto: que tipo de emissora é essa, que tipo de jornalismo é esse que não busca saber da realidade, mas inverte a realidade para servir de capacho a um governo escandalosamente incompetente? Quais seriam as razões de a Rede Globo inverter a realidade, de deixar de criticar um Poder, uma vez que está entre as funções primordiais do jornalismo criticar um poder exercido com leviandade e opressão? A Rede Globo se tornou assessora direta dessa opressão, desde as perseguições do STF a pessoas por crime de opinião. Essa é a seara da Rede Globo hoje: perseguir desafetos do governo e do Judiciário e criar uma narrativa invertida da realidade que corrobore a ditadura do Judiciário.
Esse é o nervo exposto de uma ditadura: até mesmo numa catástrofe, você pode ser obrigado a se calar quando vê descalabros oriundos de poderosos defendidos pelo sistema, sob pena de você ser censurado pelo regime. O consórcio STF, governo federal e Rede Globo se transformou em uma tríade satânica que atravanca, atrapalha e piora a vidas de cada pessoa no Brasil.
Quem hoje está salvando as pessoas no Rio Grande do Sul é a própria sociedade civil, os cidadãos comuns. A natureza cria catástrofes e o ser humano desnatura a catástrofe através de boas e más ações. O Estado brasileiro junto com a grande mídia nacional hoje é um fenômeno desnaturado do mal, que persegue, cala, silencia toda sorte de critica e ajuda às pessoas. Uma ministra desse governo chegou a pedir votos e priorizar salvamento de pessoas negras e ciganas. Segregação étnica no meio da tragédia. Entre um branco e um negro, você precisa salvar um negro de ser afogado, disse a representante do governo. E pediu voto.
Uma jornalista da Rede Globo acusou de mentiroso quem denunciou a cena de burocracia — filmada — de caminhões sendo parados e impedidos de doarem alimentos para pessoas com fome nas enchentes. Isto é um fenômeno da desnatureza humana, da sórdida natureza humana em contraste com a generosidade do povo brasileiro que, a despeito da catástrofe de se ver afogado por um Estado nefasto, segue salvando seu semelhante. O povo brasileiro ainda respira, a despeito de jornalistas, juízes e políticos que o sufocam.
Fonte: Revista Oeste