Um novo sítio arqueológico foi descoberto em Montes Claros de Goiás, no Oeste goiano, a cerca de 270 km de Goiânia. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o sítio tem 3,5 mil anos. Foi batizado como Toca da Anta e cadastrado pelo órgão, por meio da superintendência em Goiás.
Segundo o arqueólogo do Iphan, Danilo Curado, “o acervo arqueológico gerado na pesquisa demonstra o longo período de habitação da área e as boas condições que o local fornecia ao longo de milênios”.
Para a datação do sítio, os pesquisadores solicitaram ao Iphan a autorização para o encaminhamento de amostras de carvão para o Laboratório Beta Analityc, em Miami, nos Estados Unidos. O resultado indicou a data de 3,5 mil anos, com chancela internacional, em termos de datação.
Processo de licenciamento ambiental facilitou descoberta
A descoberta foi feita nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar localizadas no Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia no município. Uma pesquisa arqueológica realizada em processo de licenciamento ambiental facilitou a identificação do sítio arqueológico no local.
Localizado em abrigo rochoso, o sítio está inserido em zona preservada, em uma área delimitada de 7.640 metros quadrados. Os pesquisadores afirmam que o local apresenta um rico contexto, composto por vestígios móveis e pinturas rupestres que foram devidamente documentadas, sendo alvos de estudo.
Segundo o Iphan, as escavações alcançaram 2,5 metros de profundidade e revelaram a presença de dois grupos humanos em um abrigo rochoso, sendo a primeira ocupação datada de 3.520 anos. O dado foi confirmado pelas análises de Carbono 14 realizadas em laboratório.
Além disso, foi possível a identificação e coleta de 3.229 artefatos de pedra e cerâmica, que foram submetidos às etapas de curadoria e análise em laboratório.
Para onde foram levados os achados arqueológicos?
Todo o acervo gerado foi acondicionado e encaminhado para a reserva técnica do Museu Histórico de Jataí – uma das quatro instituições de Goiás habilitadas pelo Iphan para guardar acervo arqueológico.
Dentre os achados estão ferramentas de corte e raspadores de pedra, confeccionados com diversas matérias primas, além de fragmentos cerâmicos que foram reconstituídos possibilitando a identificação da forma dos vasilhames, além de restos ósseos e porções de carvão.
Além dos artefatos foram detectadas pinturas rupestres em três painéis, nos quais se destacam os desenhos geométricos e cruz em coloração avermelhada.
Resgate arqueológico
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Parque Industrial do Setor Elétrico de Bioenergia tem recebido diversas pesquisas desde o ano de 2018. Até o momento foram identificados cinco sítios arqueológicos, sendo o Toca da Anta o maior deles.
Além do sítio Toca da Anta, outros 19 já foram identificados no município de Montes Claros de Goiás e cadastrados pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA) do Iphan.
O arqueólogo, Danilo Curado explica que dos 19 sítios identificados, um deles foi datado nos anos de 1970 por Carbono 14, o método chancelado internacionalmente. “A datação é de 620 anos, o que faz do recente Toca da Anta se torna tão caro para o Iphan, para a memória e para a arqueologia por estar muito contextualizado, com ocupação em dois momentos, uma delas em grande profundidade. Por estar preservado, pela sua antiguidade, e tudo isso associado a três painéis de arte rupestre, o torna especial para a região e para o município de Montes Claros de Goiás”, conclui.
Fonte: Mais Goiás