Em editorial de opinião, jornal fala sobre as intervenções do Estado no mercado automotivo do país
Para tentar conter a participação da China no mercado nacional automotivo, fábricas de automóveis ameaçam fechar unidades ainda neste ano. Para que isso não aconteça, o governo Lula (PT) precisaria elevar “imediatamente” as alíquotas de importação sobre carros elétricos.
O anúncio partiu da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que teme o avanço da concorrência. Para ter ideia do cenário, de janeiro a maio, as vendas de carros chineses no país já superaram as registradas em todo o ano de 2023.
Diante disso, os carros elétricos e híbridos devem entrar na lista de produtos sobre os quais incidirá o Imposto Seletivo da reforma tributária, o chamado “imposto do pecado”.
Para o jornal O Estado de S. Paulo, o fato de o governo federal abrir o mercado e comemorar a entrada de fabricantes chinesas e, posteriormente, tentar proteger a indústria local, expõe uma gestão pública “desconexa e protecionista”
“Com sua ambiguidade, o governo Lula fomenta de forma perigosa uma situação que pode se tornar insustentável”, afirmou o Estadão, em seu editorial de opinião desta quarta-feira, 10.
A publicação diz ainda que políticas protecionistas, por si sós, “não são capazes de garantir competitividade à indústria nacional”.
Incentivos à indústria automotiva
Segundo o jornal, “chega a ser irônico” que o aviso da Anfavea sobre o risco de fechamento de unidades tenha sido divulgado poucos dias depois da sanção presidencial ao programa Mover, que dará R$ 19,3 bilhões em incentivos fiscais ao setor até 2028.
O editorial lembra que a mesma estratégia de oferecer incentivos foi usada para atrair ao país as fabricantes chinesas de carros elétricos e híbridos.
“Em paralelo, o governo defende a inclusão dos automóveis no “imposto do pecado”, compara o jornal.
O argumento para a taxação são os riscos das baterias de carros elétricos para o meio ambiente.
“Em contrapartida, caminhões a diesel estarão livres do alcance do ‘imposto do pecado’ por ser o transporte de cargas no país essencialmente rodoviário”, observou o texto. “Para quem não vê lógica nos argumentos, a resposta é de que não há lógica de fato: tudo depende do interesse do momento”.
Fonte: Revista Oeste