Com o apoio do Ministério da Saúde, devem participar do experimento 81 pessoas com a doença
Pessoas com leucemia que moram em Ribeirão Preto, interior paulista, vão poder participar do novo teste para o tratamento da doença. O experimento é organizado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Ministério da Saúde. A seleção dos interessados vai começar nesta sexta-feira, 15.
Trata-se de um teste de avaliação de segurança e eficácia de uma terapia chamada de Receptor Quimérico de Antígeno (CAR-T). O nome do tratamento refere-se a uma substância que, introduzida no organismo, provoca a formação de anticorpos.
Esse estudo foi desenvolvido nos Estados Unidos, em 2017. Em 2019, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) também começou a desenvolver o projeto.
Essa técnica consiste na retirada de linfólicos — um grupo de células brancas do sangue — do paciente. Essas partículas são manipuladas em laboratório e, posteriormente, reaplicadas no organismo do paciente. O objetivo é preparar os linfólicos para identificar e eliminar células que geram tumores (e que não foram detidas por outros medicamentos).
O tratamento da leucemia da USP foi anunciado durante a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI)
O médico hematologista Diego Clé, da FMRP-USP, anunciou o teste durante a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI), na última quinta-feira, 7. O evento foi realizado na capital paulista.
Com o apoio do Ministério da Saúde, deverão participar do teste 81 pessoas com leucemia linfoide aguda, que não responderam a outras formas de tratamento. Inicialmente, os pacientes serão atendidos no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
“Essa forma de terapia celular pode mudar a forma de tratamento de leucemias resistentes, mas o custo é quase proibitivo para um país como o nosso”, comentou Clé, em sua fala.
Estima-se que esse tratamento possa custar cerca de R$ 2 milhões, com medicamentos importados. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou três medicamentos necessários para o tratamento no Brasil.
“O produto nacional vai custar um sexto do importado”, disse Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em sua apresentação. “Sem esse tipo de solução, o Sistema Único de Saúde (SUS) quebra.”
Fonte: Revista Oeste