A obra, lançada em 2021 na Itália, chega agora ao país, com estilo romanceado. em que são narradas a vida e a trajetória do ídolo brasileiro na Fórmula 1
A morte de Ayrton Senna completará 30 anos em 1º de maio e, como forma de homenagem, a vida e a carreira do piloto são retratadas no livro Veloz como o Vento, do jornalista italiano Leonardo Guzzo.
A obra, lançada em 2021 na Itália, chega agora ao Brasil, conforme informa a Folha de S. Paulo. Com estilo romanceado, o trabalho aborda as interações do piloto paulistano com seus familiares, amigos, relacionamentos amorosos e adversários nas pistas.
Em italiano, o título da biografia inclui o apelido de Senna na infância, Beco. Guzzo iniciou sua obra a respeito do piloto muito antes do acidente fatal ocorrido na curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália, conforme resenha do portal Uncode.
Na ocasião, depois de ter conquistado o tricampeonato mundial de Fórmula 1 (1988,1990 e 1991) pela McLaren, equipe em que atuou entre 1988 e 1993, Senna iniciava sua trajetória na escuderia Williams.
Ainda em adaptação ao novo carro, aos 34 anos ele estava com dificuldades naquele início de campeonato. Foi quando, ao tentar alcançar seu rival Michael Schumacher, da Benetton, seu carro colidiu violentamente contra o muro externo do circuito, o que o levou à morte.
A tragédia abalou não só o mundo da Fórmula 1 como o Brasil inteiro, que passou a considerar o piloto um verdadeiro herói nacional, com um velório e um enterro dignos de chefes de Estado. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas de São Paulo para se despedirem de Senna, cujo caixão foi levado em carro de bombeiros.
Guzzo tinha então 15 anos e também ficou impactado com o ocorrido, assim como uma geração inteira de jovens. Desde então, ele se debruçou em uma profunda pesquisa sobre Senna, que culminou com o lançamento do livro. E acrescentou a ela o próprio conhecimento que ele tinha a respeito da carreira do ídolo brasileiro.
Da infância à Fórmula 1
A narrativa do autor tem início com a própria origem do apelido Beco, dado a Ayrton na infância e incorporado pelos seus pais Neyde e Milton, falecido em 2021, aos 94 anos. Ele tinha ainda dois irmãos, Leonardo e Vivianne, que passou a ser responsável pelo Instituto Ayrton Senna, de caráter beneficente.
O termo Beco veio de Caneco, denominação pela qual o menino era conhecido em seus primeiros anos. Isto porque a prima Lílian, ainda muito pequena, não conseguia pronunciar corretamente a palavra caneco.
O apelido Beco, portanto, surgiu de forma divertida, com uma conotação carinhosa que refletia o ambiente familiar do futuro campeão.
Apaixonado por automobilismo desde a infância, Senna, aos quatro anos, ganhou do pai, empresário no ramo de metalurgia, um mini-kart construído pelo próprio Milton. E a relação com as corridas, então, não teve mais freios.
Na narrativa, o autor Guzzo navega por todos esses momentos e os mescla com as dificuldades e a pressão que caracterizam a vida de um piloto de automobilismo, com todos os desafios até chegar à categoria máxima, a Fórmula 1. Neste sentido, o livro destaca a perseverança de Ayrton, mesmo nos momentos mais complicados.
A glória de Senna também tem um contraponto: as próprias imperfeições dele como ser humano. Que, no entanto, tinha no talento em pilotar e na ambição de conquistar títulos os seus maiores diferenciais.
Com personalidade forte, Senna se tornou um líder entre os pilotos, ao contestar decisões do então todo poderoso da Fórmula 1, Jean Marie Ballestre (1921-2008), presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Entre suas reivindicações, estava a urgência em serem implementadas melhores condições de segurança para os competidores. Sua morte foi precedida de outra tragédia, na véspera, quando, também em Ímola, o austríaco Roland Ratzenberger (Simtek), perdeu a vida, depois que seu carro se chocou com o muro durante os treinamentos.
Naqueles mesmos treinos, no dia 29 de abril, o brasileiro Rubens Barrichello (Jordan-Hart) foi outro que sofreu um grave acidente no autódromo. Por causa de uma luxação numa costela e uma fratura no nariz, ele não participou da corrida. Senna, por sua vez, foi um dos primeiros que buscaram socorrer o colega.
Depois da morte de Ratzenberger, ele fez novas exigências por melhorias nas condições para os pilotos, em meio àquele fim de semana fúnebre. No dia seguinte, seria Senna a nova vítima.
Mas toda a sua luta surtiu efeito justamente depois de sua morte, conforme conta o próprio livro. Houve, a partir das tragédias, uma reviravolta nas regras até então vigentes, em termos de segurança, para esse tipo de evento.
Fonte: Revista Oeste