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Com a queda de Assad, quem vai governar a Síria?

Rebeldes tomaram a capital no último domingo, 8, e o ditador fugiu para a Rússia, mas persiste a dúvida sobre o futuro do país

Pessoas em um veículo militar depois que rebeldes sírios tomaram a capital e anunciaram que haviam deposto o presidente Bashar al-Assad, em Damasco, Síria – 9/12/2024 | Foto: Mahmoud Hassano/Reuters

Depois de 13 anos de uma guerra civil que resultou em mais de 500 mil mortos e milhões de refugiados, forças rebeldes tomaram Damasco, a capital da Síria, no último domingo, 8.

Bashar al-Assad, que governava o país desde 2000, fugiu com sua família para a Rússia, onde obteve asilo humanitário. O governo russo, comandado por Vladimir Putin, é um dos principais aliados do antigo regime sírio.

Milhares de cidadãos foram às ruas de Damasco para celebrar o que consideram o fim de um regime opressor. Em várias capitais europeias, refugiados sírios também comemoraram a notícia. No entanto, persiste a dúvida sobre quem governará a Síria agora.

O grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham, o HTS, originado na Al-Qaeda e considerado uma organização terrorista por países como os Estados Unidos, reivindica a vitória. Mohammed al-Golani, líder do HTS, descreveu a conquista como “uma vitória para a nação islâmica” em discurso realizado em Damasco.

Rebeles comemoram a queda do regime de Assad em Damasco, capital da Síria | Foto: Reprodução/Twitter/X/@sumit45678901

Al-Golani prometeu proteger as minorias no país, embora haja preocupações de que o novo governo possa restringir direitos de mulheres e perseguir fiéis de outras religiões. O líder do HTS não detalhou como será a estrutura do novo governo, se formará parcerias com outros grupos rebeldes ou opositores do regime de Assad.

Transição política na Síria

Mohammed Ghazi al-Jalali, atual primeiro-ministro sírio, continuará no cargo até que uma transição para o novo regime seja efetivada. A Síria enfrenta um cenário desafiador devido à fragmentação interna, com diferentes regiões sob o controle de grupos rebeldes que nem sempre são aliados.

Além disso, há grupos políticos de oposição a Assad que estão no exílio e podem querer retornar ao país para participar do novo governo. A comunidade internacional observa os desdobramentos com cautela.

Mohammed al-Golani é procurado pelos Estados Unidos, que oferecem uma recompensa de US$10 milhões por informações que levem à sua captura.

Reações internacionais

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Democrata), expressou satisfação com o fim do regime de Assad, mas também mostrou cautela em relação ao futuro do país.

“Até que enfim, o regime de Assad acabou”, disse Biden, acrescentando que este é um momento de riscos e incertezas. Ele afirmou que os EUA trabalharão com parceiros para ajudar o povo sírio a aproveitar essa oportunidade.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também disse que a queda do regime de Assad representa uma mudança histórica na região, oferecendo oportunidades, mas não sem riscos.

Haid Haid, consultor do instituto Chatham House, compartilhou dessa visão, destacando que, pela primeira vez, há potencial para um futuro melhor na Síria.

Fonte: Revista Oeste

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