O ex-procurador chefe da Operação Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) respondeu ao deboche feito pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com um vídeo publicado nas redes sociais no domingo 16. “É triste ver um ministro do Supremo chegar a um nível tão baixo a ponto de atacar a fé das pessoas, em um ato de intolerância religiosa tão desprezível”, afirmou Dallagnol.
No sábado 15, em um evento on-line organizado pelo Prerrogativas, grupo de advogados esquerdistas, Gilmar afirmou que Dallagnol “já pode fundar uma igreja” por causa da “chuva de Pix” que recebeu depois de ter o mandato cassado.publicidade
“Gilmar Mendes ofende de uma só vez os cristãos, as igrejas e os brasileiros de bem que têm fé e apoiam o combate à corrupção”, prosseguiu Dallagnol. “Talvez por não viver o amor de Deus ou por ser odiado por tantos, ele não consiga entender o que é uma demonstração de amor, de fé e de compaixão de milhares de brasileiros.”
Na palestra de sábado, Gilmar também fez diversas críticas à Lava Jato, sobre as quais Dallagnol disse: “E respondendo diretamente à tosca provocação: eu prefiro fundar uma igreja do que fundar um clube de proteção aos mais corruptos e criminosos do Brasil.”
Segundo o ex-procurador, depois da “terrível fala” de Gilmar Mendes, “muitas pessoas voltaram a fazer doações e Pix para demonstrar apoio e carinho”. Dallagnol agradeceu a essas pessoas. “Estão sendo solidários diante da perseguição do sistema e que cassa e condena quem comete um grande crime: de combater os grandes corruptos do Brasil”.
TSE cassou registro de Deltan Dallangol
Dallagnol teve o registro de candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 16 de junho. Com isso, o ex-procurador perdeu o mandato de deputado federal, para o qual tinha sido eleito com mais de 344 mil votos – ele foi o mais votado do Paraná.
Para cassar o mandato de Dallagnol, o relator da cassação, ministro Benedito Gonçalves, do TSE, criou uma hipótese de inelegibilidade não prevista na lei: de que pediu demissão para não responder a Processos Administrativos Disciplinares (PADs).
A Lei Complementar 64/1990 prevê que a inelegibilidade somente ocorre quando o juiz ou promotor já tiver um PAD instaurado quando se demitir, o que não era o caso de Dallagnol, que não respondia a nenhum processo. A tese de Gonçalves foi aprovada por unanimidade.
Depois de ter seu mandato cassado, o parlamentar publicou um vídeo em suas redes sociais, em 12 de junho, agradecendo pelas transferências via Pix recebidas de seus apoiadores. Dallagnol afirmou que o gesto seria uma “expressão de solidariedade” e chamou os doadores de “agentes de Deus” em sua vida.
Fonte: Revista Oeste