Criada na noite da terça-feira 24, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, que pretende investigar a atuação da petroquímica no afundamento de solo em Maceió, em Alagoas, também deve apurar a conduta da Petrobras e da Odebrech, atualmente chamada de Novodor.
A fala é do senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), que pleiteia uma cadeira de membro no colegiado. Em Maceió, os trabalhos da Braskem causaram movimentações no solo, que levaram ao afundamento de cinco bairros.
“Essa também vai ser a CPI da Petrobras e da Odebrecht”, declarou Cunha em entrevista a Oeste. “A Petrobras tem 36% das ações da Braskem. O flanco está aberto. Todos vão querer se aprofundar.”
A Petrobras possui 36% das ações da empresa, e a Novodor — antiga Odebrecht –, quase 40%. São, praticamente, as maiores acionistas. A Odebrecht é um dos pivôs do escândalo que ficou conhecido como Petrolão, durante os governos petistas, e revelado a partir de 2014 nas investigações da Operação Lava Jato.
O esquema envolvia uma série de empresas que se beneficiaram de modo ilícito do caixa da Petrobras. Após o afundamento em Maceió, em 21 de julho, a Braskem anunciou que fechou um acordo de R$ 1,7 bilhão com a prefeitura.
A CPI é de autoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apresentou o requerimento em setembro deste ano e viu o governo orientar os senadores da base a não assinarem o documento.
Ao fim e ao cabo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o pedido de Renan, apesar de Cunha ter apontado a suspeição do senador nas investigações do colegiado.
“O senador Renan foi presidente da Salgema durante dois anos”, argumentou Cunha em entrevista a Oeste. Entre 1993 e 1994, de fato, Renan comandou a empresa, que, em 1996, passou a se chamar Trikem e, em 2002, se tornou a Braskem.
Entre outras questões abordadas por Cunha sobre a suspeição de Renan, ele mencionou a investigação da Polícia Federal (PF) contra o parlamentar e o ex-senador Romero Jucá (MDB-PR) por supostamente terem recebido pagamento de propina da Odebrecht.
Em agosto de 2022, a PF encerrou a investigação, pois não conseguiu analisar todo o material do inquérito e, portanto, expirou o prazo para concluir o caso.
A Oeste, Rodrigo Cunha disse que Renan também possui “interesses políticos” com a CPI da Braskem, sugeriu que a presença do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) no colegiado pode reacender a “relação Odebrech, Petrobras e Renan Calheiros” e muito mais.
Fonte: Revista Oeste